Comemoração dos 45 anos de Rama Brasil
19/março/2021
Newton César de Oliveira Santos
Minha colaboração e homenagem àqueles e àquelas que construíram (e seguirão construindo) Rama Brasil se divide em dois grupos de textos: “Conceitos” e “Pessoas”.
Conceitos
(como minha visão de Rama se transformou com o tempo)
Entrei na Missão Rama do Brasil em abril de 1988 – uma instituição que estava formada, tinha diretrizes definidas, metas estabelecidas e estava vigente havia 12 anos.
De início, segui a ‘cartilha’ que nos foi passada, sem questionar. Aos poucos, junto com o Grupo 4, fomos colaborando para que Rama se tornasse mais flexível e mais aberta (ao ajudarmos em modificações no ‘Guia de Práticas’); para que se comunicasse com grupos do exterior (por meio de cartas e participações em congressos); e para que interagisse com outras instituições espiritualistas (com visitas, seminários e encontros).
Ao final de meu terceiro ano de participação, comecei a viajar e a conhecer pessoas e grupos do exterior. O impacto foi tão grande que, por causa de Rama, decidi morar fora, por três anos. Durante esse período, minha visão de Rama foi mudando e se expandindo muito rapidamente.
Quando voltei, ao final de 1996, era uma pessoa diferente, evidentemente. Mas a minha visão de Rama estava muito discrepante com relação à maneira como desenvolvíamos o Projeto por aqui (agora éramos Projeto Amar). Em conjunto, as diferentes vivências e experiências; as práticas de campo sozinho, em lugares desconhecidos; e o natural amadurecimento me levaram a não mais ver Rama como um grupo com o qual eu me identificava totalmente. Enquanto a mentalidade e o foco eram, basicamente, continuar crescendo organicamente (por meio da abertura de mais grupos), Rama para mim era uma filosofia de vida a ser vivenciada por inteiro, com tudo de bom e ruim, certo e errado que estava embutido ali – “Rama sou eu”, trouxe de uma prática de campo no deserto do Atacama. Minha visão não cabia mais na estrutura que estava montada.
Mal cheguei e já pressenti que não conseguiria me adaptar e teria de sair, cedo ou tarde. Minha intenção passou a ser tentar me afastar sem conflito e, antes, deixar um testemunho da vivência da minha geração (nessa altura, o Grupo 4 já havia se dissolvido). Finalmente, logo depois da publicação do nosso legado, deixei a convivência com os grupos ao final de 1997 – sem nunca me afastar de muitos dos amigos que conheci em Rama, nem dos Guias.
Saí com minha relação com Carlos Paz estremecida, com mágoas, mas sem ruptura. Quando soube da transformação de Veronica, em abril de 1998, fui procurá-la para me colocar à disposição para ajudar no que fosse possível. Ali todas as mágoas se dissolveram, a amizade foi reatada e nunca mais sofreu abalos; mas não voltei ao convívio dos grupos – minha visão de Rama continuava se expandindo e ia muito além da esfera de atuação da coordenação do Processo.
Ao longo das duas últimas décadas, meu desenvolvimento pessoal e minha vivência e interpretação de Rama continuaram evoluindo e foram se moldando e consolidando, aos poucos. Entendo e considero natural a abertura de diferentes vertentes desse Processo – todas elas limitadas e parciais, porque são interpretações humanas; mas todas são igualmente legítimas e honestas em suas formas de ser. As daqui e do exterior; as de grupos e as de caminhantes solitários. A Realidade se mostra bem maior que a soma das inúmeras partes.
Quase 33 anos depois do início dessa jornada, Rama já não é um grupo do qual eu faço parte e tampouco uma filosofia de vida. Rama é uma estrutura de consciência através da qual eu enxergo e atuo no mundo, em constante evolução. O nome e o símbolo original são detalhes – importantes, porque remetem às vivências, às experiências, aos Guias e principalmente às pessoas – mas, ainda assim, são detalhes.
Pessoas
(quem fez diferença na minha jornada em Rama)
Antonio Carlos Varella Martinez (Nê) – a maneira descolada e, ao mesmo tempo, ponderada de levar a vida me levou a admirar o Nê desde que nos conhecemos. Foi ele quem me falou de Rama e me informou da abertura do grupo ao qual ingressei, em abril de 1988. Por isso, pela amizade e pelo muito que aprendi em tantos anos, minha “dívida” para com ele é impagável.
Carlos Roberto Paz Wells – guru, mestre, instrutor e exemplo em vários aspectos, Carlos Paz (hoje Veronica Wells) mudou minha vida. Foi capaz de enxergar virtudes e defeitos que eu tinha – e sequer suspeitava –, me indicou um Caminho e me acompanhou nos primeiros passos. Era imbatível na qualidade e capacidade de desprendimento. Muito da minha jornada extraordinária, desde então, devo a ela…
Diego Alberto Curio – o irmão mais velho que não tive, biologicamente, foi quem mais me ensinou em práticas de campo. Ali, seu nível de sensibilidade é inigualável, e poucas pessoas foram capazes de vivenciar Rama, de maneira tão plena, como ele.
Luiz Tadashi Akuta – o ‘Buda’ tem uma rara habilidade de análises ponderadas – talvez seja o melhor exemplo de uma mente de engenheiro que foi capaz de se moldar e adaptar a uma realidade “disruptiva”, para usar um termo atual para a experiência do ‘Contato’. Cristina Hikawa – exemplo de foco naquilo que interessa, de praticidade e resiliência, e de um cuidado perceptível – sem ser ostensivo – com os seus círculos de relação.
José Carlos Sanches – meu modelo de instrutor de Rama, acabou “extrapolando” suas funções e se transformou em modelo de amigo, filho, pai, marido, cidadão, chefe, empresário… Mestre!
Vera Lúcia de Melo – conheci poucas pessoas, em três décadas de Rama, com tamanha capacidade de avaliação equilibrada de pessoas, situações e cenários.
Jorge Tróccoli (Uruguai) – a mente mais brilhante que conheci em Rama. Insuperável no entendimento dos paradoxos humanos e não humanos. A oportunidade de aprender com o seu convívio foi o que me levou a passar um ano no Uruguai. Betina Blanc (Uruguai) – dona de singular habilidade para relacionar conhecimentos, é exemplo de líder em todas as esferas de atuação.
Tato, Verónica, Ricardo Fracchia e Mariela Casadei de Armas – brilhantes membros do Grupo Base 2 de Rama Uruguai/Plano Piloto, todos têm uma capacidade de arguição que sempre me impressionou.
Rodrigo Fuenzalida (Chile) – o mais versátil, inteligente, atencioso, capacitado e criterioso “contatado” que conheci. Incomparável!
Jorge Miranda (Bolívia / carinho puro); Carlos Salerno (Argentina / pragmatismo puro); Renato Longato (Peru / atenção pura); Lily e Juan Carlos (Chile / gentileza pura) – algumas das joias que coletei pelo Caminho, em andanças.
Centenas de pessoas fizeram parte da minha jornada em Rama e não foram mencionadas aqui. Fica o pedido de desculpas. Não é demérito ou falta de consideração, evidentemente. Foi preciso fazer uma seleção. Mas, que fique claro: todos foram importantes, cada um à sua maneira. Por favor, que se sintam representadas por Christine Boehm (delicadeza personalizada); Gegê (rara pureza); Raquel Furgeri (doce firmeza); Jorge e Fátima Lopes (exemplar amizade); Marcos Romero e Rita Salgueiro (mãos sempre estendidas); Marcio Cruz (“chapa”); Caio Avallone (futebol pode ser transcendental); Luciana Minelli (coragem despojada); Valerio Luiz Lange (autenticidade); Luiz Aragão (Confiança, com “C”); Rogério Mansini (suavidade ferina); Zé Guilherme (resistência conformada); Runaldo Ferré (criatividade flexível); Formiga (“sui generis”); Rosemeire Franco (abnegação ao próximo); Renato de Giovanni (simplicidade objetiva); Rosangela Vasconcellos/Rô (“zen”); Gugu e Ilza, que trouxe para Rama (sobriedade); Giovanni Rocha (observação arguta); Paula Cardoso (in memoriam – buscadora incansável); Roberto Pesserl (dedicação compromissada); Carlos Paladino (virada de jogo); Plínio Derraik (in memoriam – acolhedor); Ronan Gott Jr. (dever ao compromisso); “X” (por existir); e tantos outros e outras.
Uma saudação especial aos companheiros do Comunidade Mental – Alice (força controlada); Nadir (sensatez na dose certa); Lú (visão aberta); Glaucia (mistura de saberes); Betto (percepção silenciosa); Nelson (sabedoria latente).
Uma dedicatória ao Grupo 4
Na reunião de abertura do grupo, em 15 de abril de 1988, estiveram presentes pouco mais de 50 pessoas. Três semanas depois, 34 delas voltaram a se reunir. Foram 28 os presentes no encontro seguinte. Seis meses depois de terem sido apresentados, o grupo estava composto por 18 integrantes, dos quais 17 participaram do primeiro acampamento, em Itatiaia, em outubro de 1988. Ao final do ano, 15 pessoas faziam parte do Grupo 4. Durante 1989, em meio a algumas práticas de campo e experiências dignas de nota, o grupo chegou ao final de dezembro com 11 participantes. Por fim, eram apenas oito os que permaneceram em 1990, quando começaram a colaborar com a Missão Rama na qualidade de instrutores, ao final da 12ª prática de campo, realizada entre os dias 15 e 17 de novembro.
Priscila de Almeida deixou o grupo logo depois do II Encontro Mundial de Rama, realizado no Vale do Urubamba, Peru, em agosto de 1990. Foi morar em El Salvador e vive lá até hoje, trabalhando como professora de português. Era uma das vozes de ponderação, que sabia extrair a intenção boa por trás de palavras e expressões nem sempre agradáveis. Mora em El Salvador há mais tempo do que viveu no Brasil, e é mãe de um casal de jovens muito bonitos.
Flavio Augusto Saraiva Straus prezava o equilíbrio do grupo. Advogado de mente ágil, pensamento afiado e sendo linguisticamente muito versátil, dava espetáculos de erudição e conhecimento acerca de relacionamentos humanos, direitos e deveres. Além disso, era o único a ter coragem de se banhar nas águas de Itatiaia em pleno inverno, com chuva ou sol. Pai de três Marias, é Mestre e Doutor em Direito e, reza a lenda, um tremendo profissional.
Ddg Salinet Dias era o autêntico ‘iniciado’: já tinha ouvido falar, lido ou vivenciado de tudo; havia morado em diversos lugares e tido experiências insólitas. Cosmopolita e cidadão do mundo, viveu em diversos lugares, sempre se sentindo “em casa”. Era o grande filósofo do grupo, e até recentemente trabalhava como professor de filosofia em sua terra natal, Passo Fundo.
Giba (Gilberto Lima Chamie) era – e ainda é – a personificação da alegria (não por acaso foi apelidado de “Sorriso”). Calmo, procurava apaziguar ânimos que vez por outra se exaltavam. Engenheiro especializado em Controle de Qualidade, em inúmeras oportunidades elevou, e muito, a qualidade do trabalho do grupo. Está casado com a adorável Denize Aparecida Cyrillo Chamie, que participou do Grupo Cristal, em 1991. Atualmente, os dois se dedicam a gerenciar uma das melhores pousadas do sul de Minas Gerais (https://www.pousadaportaldascachoeiras.com.br/).
Nilson Flavio Gonçalves era o porto seguro do grupo. Exemplar no autocontrole diário, nas mais diversas circunstâncias, sempre foi um modelo de serenidade. Dotado de raciocínio sagaz e um senso de humor insuperável, sabia o momento certo e a dose precisa acerca do que e como falar. Mestre absoluto na arte da empatia, faz qualquer pessoa se sentir acolhida na sua presença.
Marcela de Paula Gonçalves, por sua vez, era o fio terra do grupo. Era ela quem trazia a todos à realidade quando alçavam voos muito altos e sem rumo; era ela quem lembrava dos objetivos de estarem juntos; era ela quem rompia os momentos de marasmo e trazia todos de volta ao trabalho, nos momentos de dispersão. Caçulinha da turma, era forte, determinada e uma líder nata, que encorajava a todos a seguir em frente, apesar das dificuldades. Sempre foi das nossas maiores referências.
Mário Sérgio Nogueira Munhoz era o motor de arranque do grupo. Sereno, mas de discurso direto; tranquilo, mas de uma determinação férrea; calmo, mas capaz de impor respeito apenas com o olhar. Fez carreira profissional na indústria química, e no grupo era o grande alquimista, fazendo as melhores misturas, escolhendo as melhores poções, destilando o melhor de cada um, sempre em busca da melhor fórmula para cada momento. Na opinião de muitos participantes, foi um dos melhores instrutores da história de Rama Brasil.
Maria de Fátima Martins Nunes contrabalançava o marido, Mário. Onde havia tensão, ela aliviava; onde havia discordância, ela buscava consenso; onde havia desvio, ela sinalizava o caminho – sem movimentos bruscos, sem palavras ferinas, sem levantar a voz. Da qualidade de fonoaudióloga ela acabou, sem querer, se transformando em uma das vozes mais atuantes e representativas do grupo, que simbolizava e retratava com maestria.
Começaram em Rama em 1994, no Grupo Antares. Ficaram famosos pela ativa participação e colaboração nos mais diversos eventos que foram realizados em Rama na década de 1990.
Na foto, veem-se Michaela, Marco, Gabi, Etsuko, Sueli e outros participantes de Rama de outro grupo. Quem ajuda a identificá-los?
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Michaela
“Olá, pessoal do RAMA, Projeto Amar! Sou Michaela pertencia ao grupo Antares e ao de eventos!
Começamos o grupo em 1994 com 27 pessoas, mas ficamos em 7.
Talvez vocês se lembrem do último fim de ano que fizemos a peça de teatro. Foi algo inesquecível! Recebi essa peça em comunicação e foi a prova de que o projeto já estava em minha vida para sempre!
O Rama está e estará sempre dentro de nós, nosso grupo teve muitas experiências e acho que foi um dos que conseguiu terminar o guia de prática com sucesso!
Fizemos várias saídas a campo e experiência incontáveis!
Quando vieram os grupos novos conhecemos inúmeras pessoas e fizemos amigos maravilhosos. Adoraria revê-los neste evento!
As pessoas do nosso grupo continuam em contato e em aprendizado permanente!
Com certeza irei ao evento matar a saudade de todos!
Até lá!!!”
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Marco Bueno
“Olhos Abertos
Imaginem um grupo de 27 pessoas, onde alguns membros eram família, outros amigos e outros, ainda, amigos de amigos, e todos motivados em terem um encontro físico programado com seres extraterrestres. Sim, isso ocorreu em 1994 após uma palestra de Charlie na biblioteca do Pari, em São Paulo.
Como o grupo era grande só havia duas casas possíveis para as reuniões do grupo, a casa da Michaela e Eduardo e o meu apartamento, que acabou se tornando o local mais apropriado, pois morava sozinho.
Essas reuniões, no início, eram uma festa, com todos muito aminados em trabalhar com o Guia de Práticas e, ao término das reuniões, uma comilança que dava gosto.
Mas após nossa primeira saída a campo em Itatiaia e, como em todo relacionamento, houve uma DR. Imaginem uma com 27 pessoas. Foi gigantesca e intensa e, como vocês podem imaginar, o grupo se dissolveu. Restaram somente 7 pessoas que estavam realmente com vontade de ver onde esse caminho ia dar.
Nasceu o Grupo Antares, um grupo menor, mais coeso, com laços afetivos e divertidos.
Gostamos de festas, muitas festas e de encontrar amigos, conhecidos e falar muito sobre tudo!
Nossa primeira grande lição dentro do processo, (pelo menos assim eu acredito) foi no início da unificação conceitual. VERDADE! Após uma longa discussão sobre o que significava Verdade para cada um, onde até apareceu a definição “Ver dados exatos” (essa se tornou um clássico!) chegamos a um veredito. Bem, nem todos. Uma integrante do grupo disse: “Eu não concordo, não sei ainda dizer o porquê, mas não acho essa definição certa.”
Pensem numa frustração. “Como assim, você não sabe e não concorda?” “Ficou maluca?” etc, etc. Mas graças a ela paramos para perceber que estávamos impondo a definição da maioria e não um consenso.
Como experiência pessoal, o processo Rama/Amar me mostrou que muito mais importante que manter contato pessoal extraterrestre é o contato humano, é fazer parte de um desenvolvimento equilibrado em nosso próprio mundo. Não que “eles” não sejam importantes, ao contrário foram, são e serão a motivação do processo, o exemplo de que podemos chegar lá.”
Relato e foto de Ronan Gott Jr., de Curvelo (MG) – para od 40 anos de Rama – 2016
RESUMO HISTÓRICO DO GRUPO CURVELO I – CONTINUIDADE DA NOVA FASE
Os grupos começaram em Minas através de Ozanan, em Sete Lagoas, no ano de 1994, quando lhe foi apresentado o Livro “Os Semeadores de Vida” e, nessa mesma época, Ozanan havia apresentado o mesmo para Geraldo Menezes, em Curvelo, que também participou desse primeiro grupo de Sete Lagoas. Como a maioria das histórias de grupos está sempre vinculada às dissidências e aqui não foi diferente, pela primeira vez, já no final de 1995, Geraldo resolve trazer o projeto para Curvelo e, junto com Ronan, formaram o primeiro grupo do Projeto Amar, ficando Sete Lagoas e Curvelo em funcionamento nesta época.
Começamos com uma reunião de 40 pessoas, vindo lotar uma das salas da casa de Geraldo. As reuniões começaram a acontecer e os interesses de cada um iam apontando a diminuição do grupo, até ficarmos reduzidos em apenas 18 membros, que com passar dos anos caíram para 14 navegantes. O Guia de Práticas era a ferramenta balizar de todo o processo, encontros eram marcados em Itatiaia e viagens para aquele magnífico cenário tornavam-se uma constante.
Em meados de 1999 e 2000, depois do afastamento de Charlie do Projeto, os grupos mais conhecidos como os formadores do processo no Brasil, compostos por Instrutores que já tinham vivências e experiências nessa aventura, foram se desfazendo e paralisando suas atividades. No nosso grupo Curvelo I, decidimos manter e tocar o Projeto por nossa conta e risco, dentro da proposta ORIGINAL de alcançarmos a transformação através do trabalho proposto pelo Guia de Práticas e pela conquista da consciência de nossa presença no cenário da vida. Nessa época os Guias já manifestavam o interesse em oportunizar experiências através das comunicações e de suas naves nos céus de Curvelo.
Novas avalanches vieram e o grupo mais uma vez foi reduzido a 6 pessoas, tudo isso por volta de 2003. O grupo estava destoante em objetivos e método de trabalho, pois alguns não queriam mais seguir o Guia de Práticas e resolveram enveredar-se em pesquisas outras. Os fenômenos eram constates aqui e a partir de então, começaram a diminuir até paralisar, nos levando a uma profunda análise do que estaria ocorrendo. Nesta época, os grupos de Sete Lagoas também se encontravam em declínio, e o nome de Ozanan começou a surgir em nossas comunicações, não sabíamos por qual motivo, mas seu nome sempre aparecia nas nossas tentativas de nos comunicar com eles, os Guias.
Em 2004, fizemos uma reunião convocada por Geraldo em sua casa para manifestar a sua saída do Projeto por problemas pessoais. O grupo então foi para a oficina do pai de Ronan que iniciou um processo de analises sobre tudo o que estava acontecendo. Foram dias de exaustivas trocas e questionamentos, principalmente das comunicações que estavam chegando e que diziam para voltarmos ao processo do Guia de Práticas em sua forma original. O grupo então resolveu saber se todos topariam começar tudo novamente… tudo do zero. Assim, dois participantes que eram mais novos no grupo, logo manifestaram o não interesse em participar mais, e saíram, pois havíamos colocado a proposta de refazer o GUIA DE PRÁTICAS na íntegra e eles não acreditavam mais no processo orientado pelo GP. Então resolvemos chamar Ozanan para fazer parte de nosso novo grupo em virtude das tais comunicações. Ozanan achou simplesmente fantástico, pois estavam acontecendo divergências em seu grupo de Sete Lagoas que tinha exatamente a ver com as pessoas que não queriam fazer o Guia ou que não acreditavam mais na proposta. Rapidamente identificou-se com o grupo Curvelo I e passou a vir todo final de semana pra Curvelo, sem medir esforços em querer conquistar a possibilidade de darmos certo nesse processo. Assim, as comunicações, confirmações e as experiências começaram a se intensificar novamente. Tudo estava em sintonia novamente! Estávamos caminhando muito bem!
No final de 2004, Silvia Zoega surgiu através da incessante busca de Ronan por mais informações sobre os grupos que até então tinham desaparecido do contexto do projeto. Assim, as trocas se intensificaram e a possibilidade de retomada das práticas e encontros que aconteciam nos tempos áureos começaram a surgir. Silvia nos disse que havia um grupo em Belo Horizonte que estava também trabalhando com a filosofia do Projeto. Foi aí que conseguimos consolidar uma relação de troca e amizade que acontecia num sitio deles, em Felixlândia, próximo a Curvelo, local que passamos a utilizar para os encontros e práticas. Bons tempos.
A partir de 2006, começamos estreitar laços com esse grupo de Belo Horizonte, mas ainda não havíamos tido nenhum tipo de encontro até então, e nossas trocas eram mais por telefones.
Uma experiência marcante ocorreu no dia 05/11/2006, já no final do ano, quando Gegê, um dos membros do grupo Aldebaran de São Paulo, havia recebido uma comunicação que mencionava uma experiência que não deixaria dúvidas ao grupo Curvelo I, do apoio deles, os Guias, ao trabalho que vinham desenvolvendo, e que Gegê deveria vir até Curvelo para ajudar nas iniciações de Cristais deste grupo, porém, não pode vir, manifestando sua dificuldade de translado até Curvelo, foi aí que os Guias modificaram a estratégia e começaram a passar informações diretamente ao grupo Curvelo I preparando-o para as iniciações mencionadas. A confirmação da comunicação de Gege foi consumada no dia 07/11/2006, quando Ronan tirou uma foto de uma nave da Confederação em plena luz do dia e bem no centro da cidade. A partir de 2007 começamos a intensificar as relações com o grupo Belo Horizonte I com qual tivemos muitas experiências juntos e que foram de grande proveito até 2009.
Em 2010 as coisas começaram a tomar outros rumos e, mais uma vez na história do Projeto, apareceram manifestações e procedimentos que não condiziam com a proposta original e que foram introduzidos sem o CONSENSO com as pessoas que também tinham sido apontadas por Verônica como responsáveis pela realização destas atividades no Brasil. Em 18/09/2011, Ronan recebeu uma comunicação do ser “Godar” que apontava os riscos de uma ruptura entre os grupos por simplesmente quererem introduzir métodos que não estavam no contexto do Guia de Práticas. “(…) Os grupos precisam ser orientados dentro da proposta do Guia de Práticas. A desarmonia é provocada pela não aceitação de atitudes egóicas de alguns modelos pré-estabelecidos. O Guia de Práticas não é uma ferramenta criada para desagregar, o que ocorre é que vocês acrescentam métodos ao bel prazer. Métodos estes que não constam da proposta inicial (…)”. Essa informação foi repassada para os facilitadores da época, mas que também tiveram lá suas interpretações sem o devido aprofundamento e troca por CONSENSO do que realmente tudo aquilo significava e do ‘porque’ desta informação chegar naquele momento. A devida atenção à comunicação não foi dada e sofremos as conseqüências da inconseqüência e mais um desfecho de rompimento e desagregação se tornou realidade.
Em 2012 o grupo Curvelo I decidiu rever os fatos e mais uma vez voltou para a prancheta, decidindo seguir as orientações que haviam recebido após a prática de 07 de fevereiro de 2012. “(…) O desejo da VIDA é que ela se mantenha sem criar para si obstáculos para a continuidade. A SIMPLICIDADE gera HARMONIA que gera o AMOR que gera a VIDA. Sejam simples na forma mais singela do termo! Promovam os grupos vinculados a vocês! Continuarão tendo o nosso apoio incondicional e nossa proposta de aproximação física continua de pé. Superem as dúvidas de todo ocorrido e refaçam as suas histórias”. Oxalam 21/02/2012.
Podemos dizer que muitas dúvidas foram superadas e estamos refazendo as nossas histórias com o brilho ímpar do apoio contundente dos nossos irmãos maiores e de Verônica Wells, a quem somos eternamente gratos pela oportunidade proporcionada de nos tornarmos seres humanos mais conscientes e melhores.
Hoje o Projeto Sunesis se encontra em nova fase de seu percurso, com antigos e novos membros na ativa. Estamos felizes e gratos pela oportunidade que nos foi dada por pessoas que dedicaram suas vidas em prol de um mundo melhor, em especial Verônica Wells. Esperamos que o “nós”, seres humanos, vingue nesta difícil tarefa de SER humano.
Amor e paz.
A foto anexada foi tirada dia 07/11/2006 por Ronan Gott Jr, no centro da cidade de Curvelo.
Segue um causo “insólito” que passamos juntos com o grupo Lomos em 98.
Infelizmente não pudemos testemunhar grandes, glamorosos, espetaculares fenômenos para que possamos contar. Muitos campos agendados, sugeridos, mas o fenomenológico não aconteceu. Foram situações de proximidade e amizade com os Guias e muitas instruções.
Mas o maior fenômeno que passei foi poder em um tão curto espaço de tempo, 5 ou 6 anos, ter encontrado um número tão grande de pessoas excepcionais, que nunca imaginei que em uma só vida poderia conhecer. Nesta vida passei por grupos de estudos, organizações seculares secretas ou abertas, espiritualistas, etc. onde conheci pessoas muito especiais, avatares, iluminados, mas tantos em único espaço e única experiência só em RAMA. Passados mais de 20 anos ainda sinto o quanto cada um destes mudou, agregou ou desenvolveu valores que esta minha experiência de viver ficou muito mais prazerosa.
Relato “insólito”
Foi uma saída de campo do grupo Lomos ano de 1998, município de Itupeva, Estrada do Quilombo num local conhecido como ponto G. Essa estrada tinha uma saída identificada por um marco em concreto com a letra “G”.
Para chegar no local saímos da estrada pela referida saída, seguindo por uma estrada de terra. Era um caminho livre, sem porteira, sem placas de passagem proibida, rodeado por um cafezal. Deixamos os carros em um local próximo de algumas casas, sugerido pelos colegas que estiveram durante o dia conhecendo o local.
Era noite clara. Cada um dos membros com sua cadeira nas mãos, desceu uma “rua” entre os pés de café. A prática foi individual, sendo que alguns pediram para ficar próximos nas mesmas “ruas”.
Dado o tempo de prática, todos foram voltando e se agrupando no caminho, conversando sobre a prática, quando de repente apareceu um carro de farol baixo que foi se aproximando em nossa direção. Foi o único carro que apareceu naquela noite. Próximo de nós o carro parou e desceram 2 policiais com escopetas nas mãos – Que MEDO!!!
Para nossa salvação, uma das participantes do grupo, Eliane, se dirigiu para os guardas falando “Sou da Casa” com a carteira do Tribunal de Justiça na mão. Como funcionária foi pedindo calma e dizendo que éramos de um grupo de “pesquisa ufológica”. Uma vez tudo esclarecido, foram embora.
Ocorreu que tínhamos sido confundidos com um grupo de delinquentes que estava “desmanchando” carros na região. E para nossa sorte, naqueles meses estavam ocorrendo vários relatos de aparecimento de UFOs na região.
De todas as outras práticas que participamos, mais ou menos intensas, esta foi a mais TENSA.
Abraços.
Fatima e Jorge, com assessoria de Rogério Mancini.
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Agora o meu relato particular – Jorge
Esta prática foi uma das mais interessantes de todas que realizei em RAMA. Este era um momento de o grupo mostrar sua maturidade após 4 anos de atividade, independentes, sem a assessoria por instrutores.
O grupo tinha perguntas e também comunicação livre.
Fiquei só, numa das alamedas entre os pés de café, com uma cadeira, lanterna, caderno e caneta nas mãos. Fiz o processo de abertura de comunicação como de praxe e de repente fui “convidado” a participar de um exercício sem prévio conhecimento. Foi um exercício fisicoparapsicológico – “ouvi” na minha mente:
– Fique de pé.
Me levantei.
-Caminhe com os olhos fechados.
Caminhei, entre as arvores e aí ouvi.
-Pare, vire e vo
lte a andar com os olhos fechados.
Voltei caminhando, sem contar passos e sem prestar atenção no tempo, sempre de olhos fechados. Então ouvi novamente.
-Pare e abra os olhos.
Estava exatamente em frente a minha cadeira de onde havia partido.
Compreendi esse exercício, de forma mental, como uma manifestação da presença/apoio dos guias, à essa prática. Isso também aumentou a minha segurança nas práticas seguintes.
Fechei o exercício e quando recolhia a cadeira, ouvi nitidamente gritaram meu nome “Jorge”. Respondi bem alto “estou indo”. Subi calmamente para o ponto de encontro e todos foram chegando praticamente juntos. Embora não houvesse um tempo certo para a prática, todos acabaram no mesmo tempo. Quando estávamos todos reunidos perguntei quem me chamou, e para meu espanto ninguém havia me chamado. Eu ouvi claramente o meu nome pelos ouvidos físico, não mental.
Finalizada essa prática, começamos a seguir pela estradinha até onde havíamos deixado os carros. Nesse momento chegou a polícia. Se essa prática tivesse persistido por mais tempo, provavelmente a confusão com os policiais teria sido maior.
Plano Piloto chega ao Uruguai – 1987
Rama Brasil começou semanas depois que Carlos Paz (Charlie, como era conhecido; atualmente, Veronica Wells) desembarcou em São Paulo, em fevereiro de 1976. Entre aberturas e fechamentos de grupos, idas e vindas, erros e acertos, grande movimentação de pessoas e inúmeras experiências com os Guias, ele decidiu “fechar para balanço” no início da década de 1980.
A retomada do processo se deu anos depois com o Plano Piloto, projeto pelo qual “o contato seria encarado como uma ferramenta e não como o objetivo. O objetivo maior seria especificamente a conquista de um estado de consciência mais amplo e de uma percepção mais clara da razão de viver, com metas definidas a curto, médio e longo prazos”, conforme explicitado em “Os Semeadores de Vida”, pág. 406. A nova metodologia, gradualmente incrementada ao longo das décadas seguintes, é a mesma que permanece vigente (2019), com algumas variações, nos diversos braços que Rama abriu no Brasil.
O que pouca gente sabe é que logo depois de iniciado em São Paulo o Plano Piloto começou a ficar conhecido na América Latina. Não passou muito tempo entre os primeiros rumores do tipo “ouvi dizer que Charlie está fazendo alguma coisa diferente no Brasil” e as propostas para se conhecer formalmente a nova metodologia.
O primeiro convite veio do Uruguai. Sixto Paz já havia dado início a Rama naquele país no final da década de 1970, e ali havia muitos grupos em atividade. Mas algumas pessoas, insatisfeitas com o trabalho realizado, enviaram uma carta a Carlos Paz solicitando informações sobre o Plano Piloto. Resumindo uma longa história em poucas linhas, no feriado da Semana Santa de 1987 Carlos Paz desembarcou em Montevidéu e passou quatro dias em atividades intensivas com vários integrantes de Rama; na volta, ele trazia na bagagem a confirmação de que haveria pelo menos dois grupos que passariam a trabalhar com o Plano Piloto no Uruguai, os famosos Grupos Base 1 e 2. E o que veio depois foi um intenso intercâmbio entre Brasil e Uruguai, com amizades sólidas e experiências compartilhadas que vêm superando o tempo…
Depois do Uruguai, o Plano Piloto chegou a El Salvador e Chile – sempre sendo considerado como uma espécie de ‘ovelha negra’ dentro do processo. Pouco depois, Diego Alberto Curio e Luiz Tadashi Akuta visitaram Assunção, no Paraguai, e compartilharam um pouco da nossa experiência com gente de Rama daquele país. Aliás, era comum integrantes de Rama na América do Sul se encontrarem e fazerem a distinção entre “Rama Peru e Rama Plano Piloto”. Isso até o II Encontro Mundial de Rama, realizado em agosto de 1990, em Cusco, Peru, quando os irmãos Paz Wells anunciaram, publicamente, que as diferenças entre os dois eram apenas de abordagem, e não de fundo ideológico. Mas essa é outra história…
Rama chegou oficialmente ao Chile em 1978, com a formação de um grupo de coordenadores/instrutores em Santiago. Em poucos anos, quase todas as regiões (equivalentes aos nossos Estados) do país tinham ao menos um grupo em atividade. Sempre bom lembrar: seguia-se a orientação vinda do Peru, primeiramente com o grupo nacional de coordenadores e, em seguida, diretamente de Sixto Paz na condição de coordenador mundial de Rama.
No início de 1990 chegou a Carlos Paz uma carta proveniente do casal Lily e Juan Carlos, que pertenciam a um grupo Rama de Santiago, mas que estavam interessados em saber mais sobre o “Plano Piloto”. A resposta não demorou: Carlos Paz estaria lá na segunda semana de agosto daquele ano, logo depois do II Encontro Mundial de Rama que seria realizado no Vale do Urubamba, Peru, entre os dias 2 e 5 de agosto (essa história ainda será contada). Que fique o registro: Carlos Paz deu prioridade à expansão do projeto do Plano Piloto a outros países em detrimento ao convite para participar da delegação internacional que empreendeu a II Viagem ao Paititi (outra história ainda a ser relatada).
Sendo recebido no aeroporto por uma delegação liderada pelos anfitriões Juan Carlos e Lily, no início da tarde, Carlos Paz foi levado a um auditório onde realizou uma palestra de quatro horas que deu início à abertura oficial do primeiro grupo Rama Plano Piloto do Chile, em 10 de agosto de 1990. À noite, mal dormiu porque a passou rodeado de pessoas que o metralharam de perguntas madrugada adentro, e que o acompanharam ao aeroporto no dia seguinte para o seu voo à Ilha de Pascoa.
Esse foi o início de um relacionamento que perdura desde então, período em que alguns poucos chilenos vieram ao Brasil para intercâmbio de informações e experiências, e vários brasileiros estiveram em Santiago e outras regiões chilenas, estreitando laços e compartilhando a vivência em Rama.
“Caros, além da história não contada de Paraúna, deixe falar destes 40 anos….
40 anos e a mensagem do grupo continua viva: esperança! Nos dias de hoje, apesar da comunicação farta e nossas comunicações serem via messenger, whatsappp… , ainda existe a magia do descobrir o mistério da comunicação entre humanos e extras. Como dizem, a esperança nunca morre e a ideia de RAMA ainda cativa muitos.
Todos agora são agentes de transformação, pois em nossa juventude trocamos experiência, brigamos, choramos e, principalmente, trilhamos caminhos de transcendência juntos, que fariam muitos ‘Paulo Coelhos’ ficarem vidrados com nossas histórias. Compartilhamos muito mais que a existência de muitas pessoas em experiência de vida! Parabéns a vocês!”
Foi em 1998, no carnaval, nos dias 21 e 22 de fevereiro, que eu, Diego Alberto Curio e Newton César de Oliveira Santos nos lançamos para mais um encontro com nossos amigos e irmãos da Confederação dos Mundos. O local foi determinado por mim para confirmar um trabalho sobre os conceitos da Estrela da Confederação – trabalho que eu vinha realizando por ‘comunicação telepática’ nos últimos meses do final do ano de 1997 (primavera e começo do verão) com meus amigos Godar, Antar e Astar.
Escolhi a Serra da Bocaina, no Estado de São Paulo, entre São Paulo e Rio de Janeiro, para não associar este encontro com uma prática de campo do Projeto Amar (antiga Missão Rama), nas montanhas de Itatiaia, na serra da Mantiqueira, onde sempre nos encontrávamos, pois já havia me afastado dos grupos.
‘Vida nova, local novo’, pensei, ‘trabalho novo, mas os mesmos amigos de confiança’. Entramos por São José do Barreiro, uma pequena cidade apaixonante, onde se encontra uma das entradas que dá acesso à Serra Bocaina por aquela região.
Havia me programado, elaborado o caminho a ser feito e o local onde nos encontraríamos, e encaminhei a informação via ‘comunicação telepática’ do encontro para os três amigos acima citados – eu estaria lá e precisaria de um apoio e confirmação física, naquela data, para selarmos o trabalho realizado e conversarmos de outros assuntos e projetos a serem elaborados. Deixei claro que era importante para mim, e pedi para que eles ficassem de aparecer, que não dessem “no show”, senão eu entenderia que aquele trabalho não teria tanta importância como eles vinham conversando nas ‘comunicações telepáticas’.
Sabe quando você tem certeza do encontro!
Achamos um sítio próximo do local marcado no mapa, pedimos para o casal de idosos se poderíamos acampar no pasto, ali próximo à casinha deles, e que pagaríamos a estadia, claro. Com muito carinho eles permitiram que acampássemos e que pudéssemos usar o banheiro da casa, se quiséssemos. Comecei a montar minha barraca e, quando pronta, fui fechar o zíper e eis que o zíper quebrou, não tinha jeito de fechar. Pus uns pedaços de pau e galhos para tentar deixar a barraca fechada, mas confesso que não ficou tão assim… não fechou! Mas, tudo bem… se não fosse a baita chuva que começou a cair no começo da noite e alagou toda barraca. Desabou o maior aguaceiro – de onde vinha tanta água???
A solução era dormir no carro. A senhora do sítio nos acolheu, pois chovia “pacas”.
Sim, passava em nossas mentes, e agora?? O New olhou para mim, os dois com o mesmo pensamento… Vai ter de ser embaixo de chuva mesmo??!!!
Peguei uma ‘comunicação’ por volta das 19 horas e me informaram que às 11 horas da noite a chuva ia parar e que faríamos o campo. Pronto, confirmaram o campo e sem “chuvaaaa”. Falei pro Newton o que me haviam informado, mas o New me olhava de um jeito meio descrente, e eu lembro que disse pra ele: “relaxa meooo”. Abri uma geladeira que tinha lá, já que os donos da casa nos deram permissão de beber refrigerante, e perguntei pro New se ele queria um guaraná.
Ele disse não, meio incomodado com a chuva. Falei: “confia que o campo vai rolar”.
Meooo… às 11 horas da noite fecharam a torneira, parou de chover, abriu um céu estrelado, limpo, sem nenhuma nuvem, aquele céu bem convidativo.
Well, era o começo do trabalho: fomos noite adentro pelas montanhas até um local onde, através de ‘comunicação’ e intuição, nos levaram ao ponto X. Olhei para uma direção e veio-me por intuição/‘comunicação’ que o avistamento seria naquela direção de duas naves. Duas…
Falei pro New, ele olhou pra mim e numa fala meio que questionando, disse: “duas??!!!”
Nisso, surge no horizonte uma delas, mais do que depressa o New falou: “não eram duas???” (risos)… Falei: “aguarde”. Aí apareceu a segunda, vindo atrás da outra. Analisamos se não poderia ser avião. Comentei com o New que pelas leis aéreas as aeronaves não podiam voar tão próximas uma da outra. Ele disse: “e helicóptero???” “Cara… helicóptero em formação, nessa hora??” Falei para ele que só estava começando e que fôssemos para cima de uma pedra próxima de lá.
Alguns minutos e lá vieram elas, em nossa direção, duas luzes enormes sobrevoaram bem baixo sobre nós, uma atrás da outra, bem devagar, baixa velocidade, silêncio total, apenas nós, as naves, naquela noite com aquele CÉU estrelado, juntos, nas montanhas da Serra da Bocaina. Não resisti, virei pro New e, meio irônico (risos), perguntei: “E agora, acha mesmo que são helicópteros?”
Depois, em ‘comunicação’, pediram para nos separarmos – foi um para cada lado, e mais tarde nos juntamos e fomos, conforme nos pediram, para outro lado da montanha.
Quando eu estava sozinho, meditando, observei algo no capim meio alto, uns 30 centímetros de altura – parecia que alguém estava andando por lá, não na minha direção; mas os passos eram grandes, pois afundava o capim com uma certa distância, mais que o normal de um passo. Até para um Guia estava estranho, pois eram rápidos. Bom, mirei a lanterna naquela direção e liguei a luz para ver melhor o que era. De repente, aquilo parou de andar pelo seu caminho e começou a vir na minha direção, não consegui ver quem ou o que estava vindo na minha direção. Pensei… “porque fui ligar a lanterna???” Então, quando se aproximou bem perto de mim pude ver: um cachorro enorme da raça rottweiler. Para minha sorte, o amigo era bem dócil e logo fizemos amizade – mas o cara não desgrudou. Deixamos ele por lá mesmo, pegamos o carro e nos deslocamos para o outro lado da montanha. Depois, antes de voltarmos, lá do outro lado da montanha, quem aparece? O rottweiler! Estávamos a uns quilômetros de onde havíamos deixado aquela “peça”, mas não é que o cara nos achou? Bom, pusemos ele dentro do carro, demos água, alguns biscoitos cream cracker pro amigo (prática de campo sem cream cracker não é prática de campo!). Deixamos ele próximo de onde o encontramos na primeira vez, pois achávamos que ele devia morar por lá, já que estava bem tratado, e fomos dormir.
Assim foi a noite, cheia de surpresas agradáveis e muita informação. Os Guias nos haviam ‘dito’ que encontraríamos um amigo. Pensei que fosse o rottweiler que encontramos na montanha, solitário. Mas, na manhã seguinte, resolvemos voltar para São Paulo, pois notei que o meu tanque de gasolina tinha furado e um dos pneus, também. Depois de trocarmos o pneu com um pouco de dificuldade, notei que estava sem o macaco, acho que não colocaram de volta quando mandei lavar o carro antes da viagem.
De volta para cidade de São José do Barreiro, encontramos o Jorge e a Fátima, um casal de amigos que faziam parte dos grupos de contato do Projeto Amar, aos quais havia dito que iria para campo e dei a localização, caso eles resolvessem ir. Mas, quando eles chegaram na cidade, resolveram pernoitar ali e subir a montanha no dia seguinte. Eles nos relataram que, naquela noite passada, a noite que eu e o New estávamos em campo, lá em cima nas montanhas, havia acontecido um blecaute na cidade toda, fato já relatado na Ufologia em vários acontecimentos de observações próximas de OVNIS. O Jorge disse que apagou até o carro do trio elétrico, que usa bateria e não a rede elétrica da cidade, fato interessante nessa ocorrência. Eles nos disseram que pensaram em nós e achavam que a causa disso tudo erámos nós com o contato acontecendo lá em cima nas montanhas. Não estavam errados.
Participantes: Fernando Eugênio, Fernando, Eliana, Stella, Pitoco, Rui, Charlie, Diego e outros que não lembro no momento.
1º Dia
Havia passado já uns nove meses de reuniões semanais, onde discutíamos e estudávamos assuntos pertinentes ao tema e com algumas comunicações telepáticas que nos conduziam às experiências físicas, que aqueles objetos nos propiciavam, em algumas práticas de campo. Algumas delas com avistamentos de OVNIs e sondas com tecnologia indiscutivelmente avançadas, não somente para aquela época, como até os dias de hoje, face às observações que tínhamos durante estes experimentos, onde podíamos diferenciar nitidamente os tipos de deslocamentos em linhas poligonais que estes objetos voadores traçavam na sua trajetória, e quando passavam sobre nós, não faziam ruídos algum.
Projetavam algumas luzes e alguns símbolos, algumas vezes até dentro das casas de alguns dos integrantes. As evidências físicas apresentadas, pertinentes a nossa realidade e dimensão foram bem convincentes.
Fomos então, para mais uma assim chamada “prática de campo” com destino a Serra Negra, conforme havia vindo telepaticamente para muitos dos integrantes do grupo. A informação mencionava também que o seu começo seria às 19 horas. Chegamos ao local X pouco antes do anoitecer, que se localizava no topo de uma das montanhas da região, próximo à cidade e de umas antenas que ficavam no morro vizinho. Às 19 horas, pontualmente, um avistamento, uma de suas naves passou rasgando o céu estrelado daquela noite. À medida que nos aprofundávamos noite adentro, apareceu outra nave e elas cada vez ficavam mais baixas. Comecei a ficar preocupado, pois vi que eles estavam tomando a sério esta relação. Durante a prática de campo, num determinado momento, para complicar, havia o autocontrole, um tipo de experimento que consistia em afastar-nos individualmente do grupo para um local relativamente distante uns cem a cento e cinquenta metros em média de distância do local base onde permanecia o grupo. Esta era uma das metodologias que utilizávamos em campo para que tivéssemos uns momentos de introspecção e aproximação com eles.
Você já pode imaginar?
Seguíamos fielmente a sequência dos nomes conforme uma lista de chamada, previamente determinada pelos extraterrestres, também captadas via comunicação telepática pelos integrantes do grupo no local. Ah, detalhe importante, a sequência dos nomes da lista, nas mensagens telepáticas captadas coincidiam com as de muitos dos integrantes do grupo. Na minha vez de me distanciar do grupo, estava um pouco receoso, para não dizer apavorado, pois eu já estava achando um pouco exagerada por parte dos extraterrestres estes voos rasantes sobre a montanha que estávamos. As naves faziam evoluções poligonais e assemelhavam-se com as do tipo que George Adamski, em 13 de dezembro de 1952, havia fotografado na Califórnia, nos Estados Unidos, como pude constatar no dia seguinte quando uma delas passou por nós a uns 15 metros de altura. (Pode acreditar amigo, quem viu, jamais esquece).
Perguntava-me, como era possível, através de uma comunicação telepática, que muitos avaliavam como sendo subjetiva, ter-nos levado a um encontro programado deste, e melhor, já não era o primeiro. Impressionante, mas estava acontecendo de novo, ali, naquele momento. No mínimo, é algo para pensar e refletir a respeito.
Bem, lá fui eu com o meu coração na boca, ao menos minhas pernas ainda respondiam ao meu controle, minha preocupação também era para que elas não ficassem bambas, caso tivesse que colocar em ação meu plano de fuga “leão da montanha” (lembram do desenho, saída lateral pela direita, em acelerado). Gente, vocês não sabem como eu corro rápido com medo.
Bem, como ia dizendo, estava com receio, sei lá de que, mas sempre fui desconfiado, ainda mais quando existe a possibilidade da coisa sair do meu controle. Cheguei ao local X e direcionei meus pensamentos aos meus irmãos extraterrestres, a princípio num monólogo rápido, expressei minha disponibilidade e vontade de ajudar em sua proposta de trabalho e relacionamento com eles, passando para outros os ideais, suas óticas e formas de abordagem no que consistia em melhor entender o homem e conscientizá-lo no que tange no desenvolvimento de sua evolução. Virei-me, e comecei a voltar para o grupo em acelerado. Eis que encontro Charlie, ele perguntou-me como tinha ido? De imediato respondi: “Tranqüilo!”
Dali a pouco, volta o Charlie e pergunta o quê havia acontecido lá no autocontrole, pois eles (os extraterrestres), estavam me chamando novamente. Pensei… “voltar”? Era só o que me faltava, nesta altura do campeonato! Será que os ofendi de alguma maneira? Agora sim que eles me pegam. E se eu tiver que colocar em ação meu plano de fuga leão da montanha, minhas pernas se movimentarão diretamente proporcional quanto ao meu medo? E a vergonha depois com os meus amigos de grupo, ouvir todas aquelas gozações que havíamos conversado durante a viagem para Serra Negra, sobre fugir da raia?
Bom, como diz o ditado: quem está na chuva, tem que se molhar. Retornei ao local X, e com minha mente mais concentrada nas minhas intenções, não deixando meu emocional interferir desta vez, deixei minha mente a princípio em branco, pois fui lá para escutar, uma vez que eles que haviam me chamado de volta. Então veio-me na mente de forma telepática uma frase: “Exatamente, o que você quer de nós?” Disse-lhes mentalmente, já que era esta a maneira com que conseguíamos nos comunicar, que “se vocês querem realmente que eu seja seu porta voz neste planeta, sobre sua proposta, gostaria que minha comunicação telepática com vocês fosse 100%, pois assim me sentiria mais seguro em falar algo sobre este assunto”. Naquele mesmo momento, surgiu do chão duas luzes de forma cilíndrica, uma do lado direito e outra do lado esquerdo, e foram tomando altura em forma de coluna, com aproximadamente com uns 20 cm de diâmetro e se curvaram um pouco acima de minha cabeça até se encontrarem e unirem-se formando uma espécie de porta. Fiquei pasmo olhando aquilo, nunca tinha visto nada igual. De repente, sua claridade começou a ficar mais intensa e concomitantemente um zumbido cada vez mais alto, como uma turbina acelerando, não sabia o que fazer, fixei meu olhar na paisagem ao fundo e esta logo foi saindo de foco, como se estivesse apagando-se e começou a aparecer uma silhueta humana na minha frente, como se estivesse materializando-se, tornei a fixar meu olhar naquela silhueta e cada vez mais ela foi tomando forma humana, mas não muito nítida, comecei a ficar com tontura, pois o tal do zumbido estava cada vez mais alto, fixei melhor meus pés no chão, já que minhas pernas não me levaram fora dali, conforme meu plano leão da montanha. Num determinado momento, pedi para que parasse, pois achava que ia desmaiar, não de medo, mas sentia-me tonto, estranho. Notei que a luz da mesma maneira que se materializou, sumiu, rompeu-se em cima de mim e veio descendo novamente em sentido ao solo, uma do lado direito e outra do lado esquerdo, enquanto observava isto, por um segundo esqueci-me da tal silhueta a minha frente e quando retornei minha vista em direção à frente, notei que não estava mais, olhei uns 45 graus à minha direita e vi dois deles em sentido ao mato, notei que eram físicos pois as plantas mexiam-se quando eles passavam por elas. Na hora só pensei em ir na direção contraria a deles, acho que para mim tinha sido demais (e você, o quê faria?, agora é fácil falar, queria ver na hora).
Naquela noite, notei que o cerne de seu contato conosco seria sobre o próprio HOMEM. Queriam orientar-nos melhor no entendimento de quem somos, do âmago da nossa essência, e o potencial que tínhamos e de que forma poderíamos utilizar. De que maneira estas “ferramentas” poderiam ser capazes de ajudar-nos a entender melhor o nosso meio e como interagir corretamente, ou seja, em correspondência e harmonia ao nosso universo.
No meu caso fui submetido a diversas experiências geradas através de suas máquinas onde houve uma melhor interatividade entre eles e eu. Pude entender melhor o que pensam e como pensam, seus objetivos eram nobres e instrutivos, com interesses para ambas as partes.
2º Dia
No dia seguinte, ainda impressionado com o que me acontecera na noite anterior, não havia refletido muito o quão fantástico foi. Imaginava o que ocorreria na noite seguinte. Trocava ideias com Rui, um outro amigo que participava das reuniões e fazia parte da “Tchurminha”. Ele na noite anterior tinha visto um dos extraterrestres também apenas passando por perto de onde estávamos.
Separamos o grupo em dois, um manteve-se no primeiro local e o segundo, ao qual estava incluído, foi para uma montanha ao lado. No topo da montanha, onde tinha umas antenas de transmissão, estava com algumas nuvens baixas.
O autocontrole era bem afastado, e poucos minutos antes de ser minha vez, sobrevoa uma nave (aquela de Adamski) sobre mim e o Pitoco. Ela veio por trás de mim, Pitoco logo que viu, falou-me: “O que é aquilo?”. Apontando para algo atrás de mim. Voltei-me de imediato e foi quando a vi. A nave, super baixa, na altura de um poste de luz, uns 15 metros aproximadamente. Era cinza escuro e em baixo havia um círculo de cor âmbar com três bolas mais claras.
Perguntei ao Pitoco: “Você está vendo, o que eu estou vendo?”. Passou sobre nós silenciosamente, foi muito louco! Eles realmente estavam aí. Neste momento, chega a Stella, vira pra mim e diz: “Olha Diego, é longe pra caramba, se tiver que fugir, não dá”. Era tudo o que eu queria escutar, pensei. Bom, se ela foi, e voltou, então…
Lá fui eu, desci bastante pela trilha que iria em direção ao local do autocontrole, não havia uma marca especificando onde deveríamos ficar, íamos até onde sentíssemos que deveríamos ir. Aí o Godar, nome do extraterrestre que se comunicava comigo, pediu para descer mais, desci mais uns cinquenta metros e perguntei com o coração na boca qual ia ser a experiência agora. Ele me propôs aparecer fisicamente.
Putz, o local era tão tétrico, uma trilha estreita, local úmido, escorregadio, eu lá, sozinho, não deu não…. Pedi que não aparecesse pois estava muito nervoso. Poderíamos continuar outra hora e por agora gostaria de apenas testar minha comunicação. Pedi prova de que realmente estavam falando comigo. Neste momento, apareceu entre as árvores, numa das brechas do mato em que se via o céu, uma nave, parou por uns instantes e foi-se. Eu também, mais do que depressa.
Voltamos para São Paulo no dia seguinte, arrebentados, tínhamos dormido no carro e as informações sobre as experiências traçamos quando o grupo reuniu-se outro dia.
Na semana seguinte, em São Paulo, no dia da reunião, foi bárbaro escutar as coisas que haviam acontecido com os outros, isso deu-me mais coragem para prosseguir !!!
São Paulo, 19 de janeiro de 2021
Colegas de Jornada,
Que essa mensagem encontre a todos bem, saudáveis e se cuidando.
Esse é um convite para quem participou ou ainda participa do Grupo Rama, da Missão Rama do Brasil – por um Mundo Melhor, do Projeto Amar – por uma Vida Melhor, do Projeto Sunesis, da Missão Rama e da Rede Rama – aqui denominados, em conjunto, Rama Brasil.
No dia 19 de março de 2021 será celebrado o 45º aniversário da formação do primeiro grupo de Rama Brasil, na cidade de São Paulo [detalhes dessa primeira reunião estão nos livros “Os Semeadores de Vida”, de C.R.P. Wells (pág. 396), e “Integração Cósmica – um compromisso com a vida”, de Diego Alberto Curio, (págs. 13 e 14)].
Aproveitando a efeméride, surgiu a ideia de reunir depoimentos do maior número possível de pessoas que ajudaram a compor essa história, com o intuito de compartilhar vivências e deixar um legado para as gerações futuras. Esse Processo Rama teve datas de início (aqui e nos demais países), mas não tem previsão de encerramento. Assim, a intenção é construir uma ponte entre o passado e o presente, para o benefício de todos nós que ainda estamos por aqui; e também deixar pronta outra ponte entre o presente e o futuro, para o proveito daqueles que virão depois de nós.
Vale ressaltar que as instituições atualmente em atividade já fazem um trabalho excepcional de divulgação, seja em suas páginas na internet (http://www.sunesisbrasil.com.br/; http://www.missaorama.com.br/; https://rederama.com.br/), seja em mídias sociais. Esse material, disponível a todos, é inestimável e vem cumprindo uma função muito importante, especialmente no que se refere às informações institucionais.
Mas essa proposta tem outra abordagem. A ideia é criar uma plataforma que esteja desvinculada das entidades, estruturas e grupos – com foco nas pessoas. O objetivo não é rivalizar ou disputar espaço, evidentemente, mas sim complementar o que já existe, dando luz e voz a personagens desse processo. Cada pessoa é uma pedra igualmente importante do Mosaico Rama, tenha ela chegado há 45 minutos ou esteja na ativa há 45 anos. Para quem quiser registrar e partilhar suas histórias, esse seria um espaço para isso. Reforçando: trata-se de uma celebração.
Os depoimentos poderão versar sobre vivências, reflexões, experiências, aprendizados, circunstâncias, pessoas relevantes e conclusões. Não é necessário que sejam apenas de cunho pessoal e nem que sejam somente de aspectos positivos. A rigor, não haveria limite de espaço e de tempo, uma vez que o universo digital é imenso; partindo-se do bom senso, que seja compartilhado aquilo que possa ser útil aos demais. Mais uma vez: é uma comemoração.
Os formatos dos depoimentos podem variar entre textos escritos, áudios ou vídeos. Todo esse material deverá ser reunido de alguma forma em algum lugar – que hoje ainda não estão definidos, mas que seguramente estarão disponíveis a todos em 21 de março de 2021.
Se essa mensagem chegou a você por engano, ou não for de seu interesse, descarte-a e aceite meu pedido de desculpas pelo incômodo. Se você conhece alguém a quem esse comunicado possa interessar, encaminhe-o, por favor. Se quiser fazer vários depoimentos, fique à vontade – participe da maneira mais conveniente para você, sempre levando os demais em consideração.
Os depoimentos, assim como dúvidas e sugestões, poderão ser enviados ao email: ramabrasil45anos@gmail.com.
Agradeço pela gentileza da atenção.
Nos falamos…
Newton César de Oliveira Santos
O I Encontro Mundial de Rama aconteceu entre os dias 5 e 7 de agosto de 1988, no deserto de Chilca, a cerca de 60 km da capital do Peru, Lima. Foi uma iniciativa da coordenação de Rama Peru, sediada em Lima, e contou com a participação de centenas de pessoas de mais de dez países sul-americanos e da América Central. A pauta do encontro foi “criar as condições para a integração de todos aqueles identificados com o programa de contato e com os altos valores propagados por Rama”.
Sabia-se que havia grupos de trabalho no Brasil. No entanto, na época ainda havia um certo mal-estar geral em relação a Carlos Paz, que havia deixado o Peru 12 anos antes; além disso, também havia muita desinformação, falta de conhecimento e pouco interesse em colocar o Brasil no ‘mapa de Rama’. Assim, não houve representantes brasileiros no evento. Os detalhes desse encontro estão detalhados no livro “Contacto Interdimensional”, de Sixto Paz.
Mas a situação foi diferente dois anos depois. Para o II Encontro Mundial, realizado no Vale do Urubamba, perto de Cuzco, entre os dias 2 e 5 de agosto, Rama Brasil esteve presente com uma delegação de nove pessoas: Carlos Paz, Julio Crivelente (na época, instrutor), Christine (Grupo 6 – Cotia/SP; Mônica, do mesmo grupo, teve de retornar antes) e mais seis integrantes do Grupo 4 (Marcela, Nilson, Dgd, Priscila, Flavio e Newton César). No total, havia mais de 500 pessoas acampadas em uma ampla área de fazenda, que fizeram várias atividades e acompanharam diversas palestras, inclusive de representantes do Plano Piloto (abordagem Rama adotada e ‘exportada’ pelo Brasil) no Uruguai (Jorge Troccoli) e El Salvador (Julio Bracamonte). Detalhes desse encontro encontram-se nos livros “Semeadores de Vida” (Carlos Paz Wells) e “El Umbral Secreto”, de Sixto Paz.
O que pouca gente sabe é que, ao final do encontro, estava prevista a partida da delegação que iria empreender a 2ª Viagem ao Paititi. A primeira excursão, realizada no ano anterior, havia contado apenas com representantes de Rama Peru. Mas a segunda jornada seria uma incursão internacional, para a qual Carlos Paz havia sido formalmente convidado – por ‘comunicação’ e por telefone.
Durante a sua apresentação na manhã do primeiro dia do encontro, Carlos Paz comunicou a todos que não iria participar da viagem ao Paititi, uma vez que tinha decidido dar prioridade à abertura de grupos no Chile. Em meio a um ambiente de mal-estar geral, uma das pessoas da coordenação do evento pediu a palavra e disse que, de acordo com uma das ‘comunicações’ prévias ao encontro, havia sido ‘informado’ que haveria uma desistência entre os convidados ao Paititi. Aproveitando a oportunidade, Carlos Paz anunciou: “estou aqui para confirmar essa ‘comunicação’ recebida”.
E assim foi: Carlos Paz foi ao Chile, a excursão ao Paititi aconteceu (detalhada no mencionado livro “El Umbral Secreto”), e as complicações ali ocorridas, aliadas aos problemas estruturais que ficaram evidentes durante o encontro mundial levaram Sixto Paz a encerrar, formalmente, a Missão Rama no final de agosto de 1990, durante um congresso de ufologia na cidade de El Vendrell, na Espanha. Mas essa é outra história…
Apresentação
Os textos a seguir são uma pequena contribuição à comemoração dos 45 anos de Rama Brasil. São relatos de minha primeira passagem pelo projeto entre os anos de 1994 e 1998, sem nenhuma pretensão além de registrar acontecimentos que me marcaram e compartilhar pontos de vista sobre aquela época. Mesmo depois de tantos anos, procurei ser o mais fiel possível com base em memórias e anotações que guardo até hoje, tomando também a liberdade de incluir algumas informações que, apesar de redundantes para quem está familiarizado com Rama, são necessárias para quem nunca ouviu falar do assunto.
Aproveito para agradecer cordialmente a todos que de uma maneira ou de outra participaram comigo desse período tão especial em minha vida, e convido outras pessoas que passaram por Rama a também compartilhar suas experiências. Se mais pessoas se animassem a escrever, quem sabe essas poucas páginas se transformassem numa coletânea mais abrangente de relatos que marcaram a passagem de cada um por Rama.
Boa leitura!
Em fins de 1993, deparei-me com uma curiosa nota na revista Veja São Paulo sobre o lançamento do livro “Os Semeadores de Vida”, de Carlos Paz Wells. Era meu último ano na faculdade, e eu passava por uma fase de descobertas no campo espiritual, querendo justamente desvendar mistérios do mundo. Fiquei entusiasmado com a notícia, e apesar de não ter ido ao lançamento, logo comprei e devorei o livro. Naquele momento, ler sobre o tema contato extraterrestre sendo abordado como algo que estaria ao alcance de qualquer pessoa foi absolutamente fascinante e irresistível.
O livro conta a história de um grupo de adolescentes no Peru que durante a década de 70 teria conseguido fazer contato com civilizações extraterrestres mais avançadas. Uma das consequências disso acabou sendo a estruturação da chamada Missão Rama, que se espalhou por vários países, incluindo o Brasil. O livro narra uma série se experiências absolutamente espetaculares, sendo este o lado indiscutivelmente mais visível e chamativo de Rama: avistamentos de discos voadores, portais, contato com outras civilizações, telepatia, cidades subterrâneas… Um leque de possibilidades extraordinárias que tende a despertar curiosidade e desejo de aventura – a não ser que haja muita desconfiança, medo ou ceticismo.
Pouco tempo depois de ler o livro, já estava inserido num dos novos grupos de Rama na zona oeste de São Paulo percorrendo o guia de práticas – material que norteava os trabalhos. Rama funcionava à base de grupos com 5 a 20 pessoas que reuniam-se semanalmente, sob orientação de integrantes mais experientes, chamados instrutores. Durante minha passagem pelo projeto (cerca de 4 anos), tive poucas experiências insólitas, e todas extremamente pessoais. Nada parecido com qualquer fenômeno do repertório clássico de Rama: nenhum avistamento, nenhuma sonda, nenhuma chispa no céu, nenhuma mensagem inteligível. Outros integrantes que iniciaram na mesma época relataram algumas destas experiências, mas tive a sensação que a maior parte, assim como eu, saiu de olhos vazios, ao contrário das gerações anteriores.
Mas, engana-se quem acha que isso tenha sido motivo de frustração – pelo menos não da minha parte. Rama possui um outro lado a princípio não tão atraente para a maioria das pessoas. Um lado que, mesmo não sendo nada secreto, acaba muitas vezes ofuscado pela questão dos fenômenos. Além disso, por ser algo que mexe com o status quo do nosso caráter e da nossa personalidade, é comum que esse lado seja convenientemente ignorado ou relegado a segundo plano. O contato extraterrestre e os fenômenos que advêm disso, mesmo sendo parte importante da lógica de Rama, ocorrem sempre por um motivo. Esse motivo pode até não ter sido o mesmo ao longo da história de Rama, e mesmo que nossa compreensão não consiga alcançar tudo que estaria por trás dele, sabemos que em linhas gerais seu propósito é o de validar e estimular o trabalho que vem sendo feito. Tudo isso objetivando o crescimento pessoal, a união dos integrantes do grupo, de forma que possamos contribuir para um futuro melhor em nosso planeta.
Ocorre que para isso é preciso estar preparado para descobrir coisas nem sempre agradáveis sobre nós mesmos, lapidar relações muitas vezes desgastantes, e principalmente estar disposto a mudar. Nesta perspectiva, contato extraterrestre e fenômenos associados deixam de ser o grande objetivo final e passam a ser ferramentas, etapas para a transformação pessoal. Podemos talvez dizer que este outro lado que nada ou pouco tem a ver com fenômenos seria o lado mais incômodo e sem graça de Rama. O lado que ameaça hábitos, egos e paradigmas.
Mesmo também tendo sido atraído pela possibilidade de contato extraterrestre, desde o início esse outro lado da transformação pessoal sempre esteve muito claro para mim, afinal, tanto “Os Semeadores de Vida” quanto toda literatura que existe sobre Rama não se limitam a relatar fenômenos – tudo isso vem junto com um conteúdo de profundidade ímpar. Além disso, as demais atividades, os estudos e as vivências em grupo sempre foram riquíssimos em Rama, não faltando recursos para estimular o autoconhecimento e o aprofundamento das relações interpessoais: dinâmicas de grupo, estudos compartilhados, unificação conceitual, saídas a campo e, permeando tudo isso, o desafiador consenso. Em cada grupo de Rama, todas, absolutamente todas as decisões, deveriam ser tomadas em consenso. Ou seja, era preciso saber ouvir, se expressar, ceder, compreender o ponto de vista de cada um. Uma abordagem que pode ser extremamente trabalhosa, cansativa, mas que garante que todos caminhem sempre juntos, sem que ninguém fique para trás, esmagado pela decisão de uma maioria.
O primeiro consenso em meu grupo foi particularmente marcante. O que deveria ser uma decisão simples – a escolha de um nome para o grupo – arrastou-se por duas ou três reuniões. Na primeira delas foram trazidas algumas opções de nomes, incluindo uma que cuidadosamente imaginei ao longo da semana anterior. No final da reunião todos gostaram mais do nome que sugeri, mas deixamos para bater o martelo na reunião seguinte. E eis que, chegado o momento, um dos integrantes levanta uma objeção: aquele nome não era auspicioso do ponto de vista numerológico! Ou seja, logo no primeiro consenso, por causa de apenas uma pessoa e por um motivo no mínimo questionável, todos os outros se viram obrigados a encontrar um novo nome que pudesse também passar pelo crivo da numerologia – algo importante para aquela pessoa. Como se tudo isso não bastasse, nosso numerólogo acabou saindo de Rama bem pouco tempo depois, mas nós prosseguimos com o novo nome escolhido – Shallom – que preenchia todos os requisitos, inclusive o numerológico, e carregava consigo toda a história do polêmico primeiro consenso.
A este seguiram-se inúmeros outros consensos e atividades, sempre buscando expandir nosso conhecimento e direcionar nossa atenção cada vez mais para o grupo. Rama foi uma verdadeira escola em muitos sentidos. Um período marcante em minha vida, propiciando enorme crescimento pessoal. Como se isso não bastasse, consegui meu primeiro emprego através de um dos integrantes do grupo. Ele foi meu primeiro chefe, e esse emprego praticamente direcionou toda minha carreira profissional. Apesar de não ter mais contato com a maioria das pessoas daquela época, tenho o privilégio de até hoje desfrutar de preciosas amizades que se originaram em Rama.
Meu afastamento do projeto foi doloroso. O clima no grupo não estava bom, com parte dele muito frustrada com a ausência de contato extraterrestre – aquele lado sedutor de Rama. Ficou inclusive a sensação que, para essa parte descontente, as atividades ordinárias do grupo e a relação com os demais integrantes era um mal necessário para atingir o objetivo maior do contato extraterrestre. Ora, “encontrem-se e nos encontrarão”, diz uma das mais antigas comunicações que teria sido recebida dos guias extraterrestres nos primórdios de Rama ainda no Peru. Acho que faltou esse primeiro encontro para que o segundo acontecesse. Mas não me afastei tanto pela situação do grupo, e sim pelo projeto como um todo. O mesmo dilema vivido no grupo, pasmem, repetia-se em outros grupos e repercutia na direção geral do projeto. Rama Brasil passava por um momento de caça às bruxas, tentando identificar e eliminar os responsáveis pela ausência de experiências de contato. Novas regras foram criadas, assumindo-se que a fonte do problema seriam aqueles que não estariam se dedicando o suficiente, e portanto atrasando o progresso dos demais. Mais do que nunca, reinava o desencontro em todos os níveis. Aquilo tudo deixou de fazer sentido para mim e, não vendo como ajudar, optei pelo afastamento. Algum tempo depois disso houve uma grande diáspora em Rama Brasil no final dos anos 90. Felizmente, foram deixadas sementes que tempos depois germinaram, e até hoje seguem ativas outras vertentes do projeto.
Hoje, ao rever toda essa história, sei que passar por Rama sem presenciar nenhum avistamento não foi o fim do mundo. Longe disso! Desperdício mesmo teria sido sair exatamente igual, sem aproveitar as oportunidades de crescimento e de construção de novas amizades.
Minha primeira saída a campo em Rama se deu no ano de 1994, na zona rural de Araçoiaba da Serra, próximo à Sorocaba. Fui junto com minha namorada, hoje esposa, que também fazia parte de Rama num grupo de Campinas. Juntamos as tralhas, colocamos tudo no carro e fomos para o que também viria a ser meu primeiro acampamento.
Naquela época, Rama Brasil havia acabado de dar um passo audacioso rumo à expansão de suas atividades. Após o lançamento do livro “Os Semeadores de Vida”, novos grupos foram abertos em várias cidades pelo país, totalizando centenas de novos participantes, incluindo eu. Aquela primeira saída a campo visava alinhar melhor alguns conceitos entre todos, além de preparar a nova geração para futuras saídas a campo, normalmente feitas em locais mais distantes e sem qualquer infraestrutura.
Naquele final de semana, entre as atividades de grupo, palestras e práticas de campo, o que acabou ficando gravado em minha memória foi uma cena aparentemente comum ao final do evento. Charlie, o pioneiro da Missão Rama no Brasil, fazia um discurso de encerramento ao ar livre, com todos ouvindo ao seu redor. A maioria como eu, em pé, formando um semi-círculo. Neste cenário, notei um rapaz sentado ao centro, bem de frente ao orador, ouvindo cada palavra e fazendo minuciosas anotações. Ele era o único ali demonstrando tamanha atenção ao discurso. Naquele momento pensei: “Quem diria, encontrei alguém mais entusiasmado que eu em Rama. Quem será ele?”. E veio uma vontade sincera de conhecê-lo e trocar ideias. Entretanto, com toda movimentação que seguiu-se ao encerramento e com nossas atenções já voltadas para a viagem de volta, acabamos deixando o local sem falar com ele. Ou seja, saí de lá sem saber seu nome, grupo ou cidade, apenas sua feição. Por outro lado eu estava tranquilo, certo de que iria encontrá-lo em futuros acampamentos ou reuniões gerais. Ledo engano. Nunca mais o vi em Rama.
Vários meses depois, eu passava boa parte da semana em Santos, onde ficava o principal cliente da empresa onde trabalhava. O porto de Santos era um cliente tão importante e havia tanto trabalho a ser feito lá que minha empresa, cuja sede era na capital, alugava um apartamento para seus funcionários. O apartamento ficava no bairro José Menino, bem na divisa com São Vicente, de forma que era preciso cruzar toda a cidade para chegar ao trabalho. Certa vez, voltando de carro para o apartamento no final do expediente, parei num farol na avenida Affonso Penna. Não tenho o hábito de ficar olhando as pessoas no farol, mas, naquele momento, algo me fez sutilmente virar a cabeça e olhar para o carro à direita. Eis que me deparo com ele! Não havia a menor dúvida – era aquele mesmo sujeito das meticulosas anotações. Tive vontade de buzinar, gesticular, fazer algo, mas soaria ridículo ali no trânsito, pois sequer nos conhecíamos. Logo o semáforo abriu e acabei seguindo meu caminho, perplexo com tamanha coincidência. De qualquer forma, a partir daquele momento passei a ter duas novas informações: que ele provavelmente era de Santos, e que guiava um antigo mas bem conservado Corcel marrom, já praticamente uma relíquia sobre rodas naquela época.
Na semana seguinte, ao voltar para São Paulo numa sexta-feira depois do almoço, passei pela mesma avenida em Santos. Dessa vez, poucas quadras antes daquele semáforo, reparei numa casa do outro lado da avenida, onde estava justamente estacionado um Corcel marrom. Depois disso comecei a prestar atenção na casa sempre que passava por lá. Não demorou e outro dia vi ele ali. Nada mal para quem há pouco tempo atrás só tinha um rosto como referência. Agora eu sabia onde ele provavelmente morava.
Na primeira oportunidade com mais tempo à disposição, fui até a casa, toquei a campainha e finalmente consegui conhecê-lo. Tivemos uma longa conversa. Ele era alguns anos mais velho que eu. Via-se que de fato era bom ouvinte, às vezes intercalando respirações profundas quando prestava atenção. E quando falava, usava um vocabulário mais rebuscado, procurando sempre se expressar da forma mais clara possível. Não pudemos deixar de notar as semelhanças da circunstância em que nos encontramos com as tais sincronicidades popularizadas na “Profecia Celestina”, um famoso livro daquela época. Por fim, ele revelou que havia saído de Rama há algum tempo, alegando ter encontrado incoerências entre o discurso e a prática.
Se não me engano, nos encontramos outra vez em sua casa, mas depois disso ele se mudou e acabamos perdendo o contato, pois esquecemos de trocar telefones. Inacreditavelmente, voltei a encontrá-lo em outra cidade em circunstâncias tão surpreendentes quanto as da primeira vez. Lembro vagamente se ter desviado de um caminho corriqueiro em Campinas sabe-se lá por qual motivo e, ao passar de carro por uma nova rua, vi o tal Corcel marrom estacionando numa casa. Era justamente para lá que ele e sua família haviam se mudado! Nos encontramos muitas vezes depois disso e, sim, dessa vez trocamos telefones.
Como todos esses desdobramentos tiveram sua origem em Rama, sempre tivemos a sensação que haveria algum propósito por trás disso tudo, e que este propósito estaria de alguma forma ligado a Rama. Tentei articular sua volta ao projeto em meu grupo, mas logo de cara houve resistência de algumas pessoas e a ideia não prosperou.
Situações desse tipo despertam muitos questionamentos. Isso tudo me fez lembrar de uma comunicação que teria sido transmitida por um dos guias de Rama, e que se encontra transcrita no livro “OVNIs: S.O.S. à humanidade” de J. J. Benítez: “Vocês não conhecem a força de suas mentes e de seus espíritos. Vocês precisam cuidar de suas mentes. Protejam-se de vocês mesmos.” Assim, até hoje me pergunto se as sincronicidades aqui relatadas teriam sido uma pequena amostra desse potencial que guardamos dentro de nós…
Em cada reunião de grupo em Rama havia um procedimento de abertura e outro de encerramento. A abertura incluía uma sessão de relaxamento, ajudando a afastar as preocupações do dia, seguida de uma breve harmonização através de mantras, e uma espécie de energização do ambiente como forma de proteção. Tudo isso contribuía para uma reunião mais agradável e produtiva, deixando sempre bem delimitados início e fim.
Tais procedimentos eram conduzidos por um integrante previamente escolhido, dentro de uma escala de revezamento definida pelo grupo para melhor distribuir as tarefas. Ocorre que, no caso específico do grupo Shallom, ninguém queria desempenhar essa função. Mesmo sendo tímido e não me sentindo nada confortável falando em público, me voluntariei na primeira vez em que tivemos que assumir estes procedimentos por conta própria. Só que, depois disso, não havia argumento capaz de convencer qualquer um dos demais integrantes a dividir comigo a responsabilidade, tamanha era a resistência. Sem exagero, era como tentar convencer um bando de matutos a um dia discursar na ONU! E foi assim que, a contragosto, acabei me tornando a única pessoa do grupo a conduzir aberturas e encerramentos das reuniões, pois não fazia sentido brigar com meus companheiros por este motivo. As únicas tréguas aconteciam ao receber alguém da instrução, quando fazíamos questão que a visita fizesse as honras da casa.
O tempo foi passando e nosso grupo diminuindo. Em nossa reunião inaugural, dia 27 de janeiro de 1994 no clube Pinheiros, próximo à praça Panamericana, éramos 11, então assistidos pelo instrutor Newton César. Já em outubro de 1995 restavam apenas 5 integrantes, e estávamos em processo avançado de unificação com o grupo Spock, de Moema, no que viria a resultar num novo grupo chamado Maktub.
Logo na primeira reunião oficial do novo grupo, a Mariane, vinda do grupo Spock, se dispôs a realizar a abertura. Pode parecer algo simples e trivial, mas depois de seguidamente cumprir esta função dezenas de vezes, aquilo para mim foi um momento de libertação. Além disso, conduzir o relaxamento significa de certa forma abdicar de relaxar. Naquele dia, portanto, fiquei bem quieto e emocionado durante a abertura, procurando desfrutar ao máximo daquele momento.
Aqui cabe um breve parêntesis. Naquela mesma época havia outra questão de cunho totalmente pessoal que me incomodava. Eu havia passado por algumas experiências de projeção astral – fenômeno em que nosso corpo astral se desprende do corpo físico mantendo algum grau de lucidez. Todas essas saídas do corpo foram extremamente curtas, porém deixando uma impressão de que meu corpo astral era acinzentado, sem nenhum tipo de brilho ou luminosidade. Hoje sei que isso era uma grande bobagem, mas não cabe aqui julgar as angústias de um rapaz de vinte e poucos anos. O que importa é que aquela suposta descoberta sobre minha opacidade astral não foi nada agradável, e eu andava triste com aquilo. Na minha cabeça, se fosse mesmo verdade, tratava-se de algo que levaria muito tempo para mudar, afinal dizem que não há como pular etapas na longa jornada evolutiva.
Durante o relaxamento naquela reunião, juntaram-se a emoção de finalmente poder dividir com outras pessoas o cerimonial, com a essa outra questão que me afligia sobre o corpo astral, e de repente algo diferente aconteceu. De olhos fechados, surgiu em minha tela mental um corpo deitado, como que levitando à minha frente. Ele possuía aquele mesmo aspecto cinza escuro que tanto me incomodava. Diante daquilo, não tive dúvidas. Pensei: “Já que não consigo mudar a mim mesmo tão facilmente, farei de tudo para ajudar outras pessoas em condições semelhantes”. E avancei em direção ao corpo, arrancando com as mãos um pedaço da crosta escura que o cobria. Ao ver que daquele lugar emergia uma luz intensa de dentro, apressei-me em remover vigorosamente toda aquela camada do corpo inteiro, até que não restasse mais nenhuma casca sequer. O corpo, agora totalmente luminoso, subitamente ganhou vida, e ergueu-se na minha frente. Percorri ele com os olhos, desde os pés até o rosto, buscando saber quem era aquela pessoa. E para minha total surpresa, vi meu próprio rosto numa versão indescritivelmente luminosa e angelical de mim mesmo, olhando bem na minha direção. Foi quando imediatamente despertei daquele estado.
A experiência toda talvez tenha durado poucos segundos, e até hoje não sei o que aconteceu. Por mais imaginativo que alguém seja, como poderia eu mesmo ter produzido aquilo? Havia ali uma lição simples e profunda: ajude os outros, e estará ajudando a si mesmo! E além disso, aquela experiência dizia que, não importando nossa condição atual, nossa verdadeira essência permanece intacta, aguardando o dia em que poderá finalmente manifestar-se em todo seu esplendor.
Ao final daquela abertura, permaneci em silêncio, ainda mais emocionado que antes. Depois de conduzir tantas aberturas, nunca poderia imaginar um presente tão especial.
Considerando que a leitura do livro “Os Semeadores de Vida” era obrigatória para ingressar em Rama, éramos todos logo de cara inundados com os relatos extraordinários de contato extraterrestre que povoam as páginas daquele livro. E ao conhecer pessoalmente instrutores que estavam há mais tempo no projeto, a coleção de relatos insólitos só aumentava, junto com a sensação de que realmente haveria algo de verdadeiro por trás de tudo aquilo. Mas, como diziam nossos avós, “cautela e caldo de galinha não fazem mal a ninguém”, de forma que aquela dose salutar de ceticismo que costumamos carregar conosco insistia em trazer à tona a pergunta: “Será possível que isso tudo é verdade?”
Um dos muitos pontos positivos em Rama era fazer com que cada grupo gradualmente alcançasse a maturidade, podendo ter suas próprias experiências e comprovações. Assim, um belo dia chegou o momento tão esperado de aprendermos a tentar o contato com os guias extraterrestres ligados ao projeto. Foi uma reunião toda especial em junho de 1995 no Horto Florestal de São Paulo. Naquela ocasião a instrutora Cybele aproveitou para ensinar dois grupos que estavam no mesmo estágio: Shallom e Spock. Foi ali inclusive que começou o namoro entre os grupos. Daquele dia em diante estávamos aptos a tentar nossas próprias comunicações, passando a reservar um tempo em cada reunião para a nova atividade.
Em Rama, as duas formas mais utilizadas para se comunicar com os guias eram a telepatia, quando tudo se passa na esfera dos pensamentos, e a psicografia, de maneira semelhante ao que ocorre no Espiritismo. Nas minhas primeiras tentativas, vieram rabiscos fracos e aleatórios, sem a menor convicção de que aquilo pudesse configurar uma comunicação de fato. No entanto, os resultados logo evoluíram para traços mais consistentes, com uma sensação estranha na mão e antebraço direitos, que ao relaxar pareciam cada vez mais serem controlados por algo externo.
Empolgado com essa pequena evolução, certa vez decidi fazer um exercício extra, por conta própria. O procedimento recomendado era praticar em grupo, em dias e horários pré-estabelecidos, e aproveitando a energia mais forte do grupo e a sensação maior de segurança. Mas o espertalhão aqui não resistiu, e numa noite de quinta-feira, quando ainda trabalhava em Santos, resolvi abrir um exercício de comunicação no apartamento sozinho. O exercício fluiu bem, com sequências de traços paralelos cobrindo as páginas. Àquela altura já não restava mais dúvida que aquilo vinha de uma força externa, pois eu deixava meu braço relaxado, e este era tomado por um formigamento intenso que passava a comandar o movimento.
Ao final do exercício, durante o encerramento da prática, não me contive, e acabei emitindo um pensamento forte e cristalino que pode ser traduzido assim:
– Gostaria de parar por hoje, mas tenho curiosidade em saber até quando prosseguiríamos se dependesse só de você.
Ah, para quê fui fazer isso… A sensação de formigamento imediatamente voltou com força total, obrigando-me a buscar novamente papel e caneta para retomar o exercício. Os traços ficaram ainda mais fortes, desta vez em movimentos elípticos beirando as margens de cada página, e depois disso os movimentos começaram até a extrapolar os limites do papel, ganhando contornos no ar. No início achei aquilo legal, mas comecei a ficar preocupado quando não havia meios de encerrar a prática. Já era tarde, e eu precisava acordar cedo no dia seguinte para trabalhar. Resultado: fui dormir com a sensação de formigamento no braço, acordei com a mesma sensação pela manhã, tomei café daquele jeito mesmo, e no trabalho, bastava relaxar um pouco meu controle sobre o braço que ele logo voltava a fazer os movimentos. Chegou um ponto em que a única solução era pedir ajuda.
Felizmente era sexta-feira, e no final da manhã pude voltar a São Paulo direto para casa, onde estava minha agenda com o telefone da Cybele. Liguei para ela assim que cheguei. Em princípio ficou reticente, pois estava no trabalho, cercada de outras pessoas. Desesperado, tive que insistir por uma solução rápida, ao que ela respondeu do outro lado da linha:
– OK, então aguarde um pouco.
Fiquei ali, segurando o telefone em silêncio durante alguns segundos que pareceram uma eternidade, até que, de repente, a sensação de formigamento simplesmente desapareceu! Agradeci imensamente aquela intervenção providencial e perguntei o que ela tinha feito:
– Abri comunicação com os guias e solicitei que a interação que estava ocorrendo com você fosse encerrada.
E foi assim que, mesmo sem nunca ter visto nada e nunca ter recebido nenhuma comunicação inteligível, tive a certeza que eles de fato existiam. Depois disso continuei a praticar exercícios de comunicação, mas sempre em grupo. Meses depois a clareza e a intensidade daquela interação foi diminuindo, não só para mim como para outros integrantes. Talvez um prenúncio de que nossos laços com Rama estariam enfraquecendo? Mas aquela experiência, por mais incômoda que tenha sido, e ainda por cima motivada por uma curiosidade quase infantil, acabou ficando marcada para sempre.
Dentre tantas histórias que frequentavam as rodas de conversa em Rama, uma em particular se destacava das demais: a lendária prática de campo de Paraúna. Conta-se que em certa ocasião os guias extraterrestres marcaram uma saída a campo nos arredores de Paraúna – cidade de Goiás situada a nada menos que mil quilômetros da capital Paulista. Em se tratando de uma distância bastante incomum para uma prática de campo, fico imaginando como teriam sido os bastidores daquela saída: Quantas pessoas receberam as mensagens? Estariam todos unidos e confiantes nas informações? Certamente devem ter deduzido que algo de extraordinário estaria para ocorrer, caso contrário não precisariam ir tão longe.
Vencida a distância e chegado o momento da prática, foram em direção à Serra da Portaria e, seguindo as orientações dos guias, adentraram uma caverna. Lá, percorreram o trajeto indicado até chegarem boquiabertos numa base subterrânea. O que exatamente encontraram lá, por quem foram recebidos, e que mensagens foram passadas a eles, não me foi contado. Sei apenas que, de tão incrédulos que ficaram depois de passar por aquela experiência, decidiram voltar ao mesmo local no dia seguinte por conta própria. Percorreram exatamente o mesmo trajeto e eis que novamente se depararam com a mesma base subterrânea. Certas coisas é preciso ver ao menos duas vezes para crer…
No ano de 2003, há um bom tempo afastado de Rama, eu e minha esposa decidimos fazer uma viagem pelo estado de Goiás. Naquela época estávamos com um carro 4×4, animados para incluí-lo em nossas aventuras. Fizemos uma viagem e tanto, com destaque para Caldas Novas, Chapada dos Veadeiros, Pirenópolis, Goiânia e Goiás Velho, além de uma passagem por Brasília para visitar amigos. Diante de tamanha oportunidade, fiz óbvia questão de incluir a tal Paraúna no final do itinerário.
No estado de Goiás, ao ir em direção ao interior, parece haver um limiar separando as empobrecidas terras civilizadas do leste de um refúgio ao oeste onde a vida silvestre ainda teima em se sentir em casa. Paraúna está além desse limiar, com bandos de araras cruzando os céus da cidade, e uma fartura de emas, seriemas, corujas e tucanos desfilando suas penas por toda região. Além disso Paraúna é cheia de belezas naturais e mistérios. Chegamos lá no dia 7 de abril e foi muito fácil encontrar pouso, pois a cidade contabilizava apenas dois hotéis no guia, sendo que um deles não atendia o telefone. Ficamos portanto na única opção disponível: o Hotel Vale da Portaria, a R$35 a diária.
No dia da nossa expedição contratamos um guia local para nos acompanhar e, ao chegarmos perto da Serra da Portaria, logo de cara pudemos confirmar uma informação que o Charlie costumava incluir quando falava sobre a prática de Paraúna: de fato havia uma senhora chamada Virgilina que morava sozinha num casebre ali perto. Encontramos sua casa, conversamos e até tiramos fotos com ela. Disse que estava com 81 anos. Apesar de ser considerada uma pessoa cheia de “causos” na bagagem, não compartilhou nada conosco além de poucas palavras, um largo sorriso e muita simpatia. Nos despedimos e fomos em direção à serra. Estacionamos no local indicado pelo guia e começamos a percorrer uma longa trilha que passava por uma bela cachoeira. Minha esposa quis ficar por ali mesmo, pois dali em diante a trilha logo desaparecia, sendo necessário vencer um emaranhado quase intransponível de taquaras. Quando finalmente chegamos ao pé da serra, não havia um caminho seguro para subir, de forma que nos vimos obrigados a voltar e infelizmente desistir da empreitada. Fiquei com a sensação que aquele guia eminentemente terrestre não sabia o caminho até o topo. E é justamente lá em cima onde existe uma grande abertura no chão que, segundo o próprio guia, todas as tentativas de filmar ou fotografar dentro nunca prosperaram, pois os equipamentos simplesmente pararam de funcionar.
Deixamos Paraúna sem presenciar nenhum fenômeno extraordinário, porém satisfeitos com a viagem. Visitamos a Serra das Galés, a Ponte de Pedra e a cachoeira do Vale da Felicidade. Avistamos na Serra da Portaria o local onde, segundo o pesquisador Alódio Továr, uma grande abertura na escarpa foi supostamente selada com uma rocha diferente. Percorremos um trecho da misteriosa Muralha de Pedra, construída sabe-se lá por qual povo com rochas magnéticas de origem desconhecida, cuidadosamente encaixadas, lembrando em alguns trechos os muros Incas. Por sinal levei uma bússola e confirmei as propriedades magnéticas das rochas.
Treze anos depois, em 2016, eu e minha esposa fomos a uma pizzaria em evento organizado pelo Newton César para reencontrar velhos amigos da época de Rama e para fazer uma homenagem ao Diego – célebre veterano de Rama Brasil, integrante do primeiro grupo fundado em terras tupiniquins. Neste evento, reencontramos a Mariane, que fez parte comigo do grupo Maktub. Conversamos bastante e, entre outras coisas, acabamos contando sobre a nossa ida a Paraúna. Para nossa surpresa ouvimos de volta um “Eu também fui!”. Só que ela conseguiu subir a Serra, e até acampou lá em cima. Mas esta já é outra história…
Missão RAMA do Brasil
Jundiaí, SP
A Primeira Prática – Serra do Japi
(Trecho retirado do livro “O Chamado RAMA – 1994, Roni Adame)
Após vários dias de nós no estômago, o sábado havia chegado. Logo depois do almoço, partimos ao encontro de algumas pessoas do nosso grupo, no estacionamento de uma famosa churrascaria da Marginal Tietê. Nosso destino, conforme as coordenadas obtidas por Laura, era, a princípio, a Rodovia dos Bandeirantes, que ligava a capital paulista a algumas cidades do interior de São Paulo, próximas à região de Campinas.
Os dados obtidos por Laura em reunião indicavam o KM 45 da rodovia, os quais, não por coincidência, tinha como principal referencial, a Serra do Japi.
Com o intuito de nos encontrarmos com Charlie e demais instrutores – Christine, Marcos, Angélica, José Marcos e Gláucia – passamos direto pelo KM 45 e seguimos até o KM 72, onde fica localizado o Shopping Center Serra Azul, local escolhido por eles para conversar conosco sobre os próximos passos.
A sugestão dada por Charlie era para que nos dispuséssemos, em círculo, ao redor de alguns bancos de madeira do corredor do shopping, não vendo qualquer problema em virmos a conversar entre as pessoas que circulavam por ali.
Não havia tempo para apresentações formais. Charlie, visivelmente com pressa, saltava direto para as perguntas sobre o que ocorria com o grupo e se tínhamos mais informações para a prática daquele dia.
Com uma mistura de timidez e medo de falar bobagem, as pessoas do grupo foram se colocando aos poucos, deixando os instrutores a par de algumas pistas que haviam chegado para o grupo na última reunião.
Mesmo com todas as informações já passadas aos instrutores, o grupo mencionou o suposto disco voador que havia aparecido em uma das nossas fotos, consequência também de uma comunicação telepática. A ampliação da fotografia estava comigo. Ao passá-la a Charlie, ficou nítida a grande surpresa que foi para ele. Logo em seguida, me perguntou se podia ficar mais algum tempo com ela. Não vi qualquer problema em concordar.
Teria ele, naquele momento, passado a nos levar mais a sério? Era difícil dizer, pois não conversava conosco. Parecia preocupado e com pressa. Porém, se ainda faltava algo para que levasse mais a sério o que poderia estar acontecendo, os guias logo se encarregariam de dar mais uma “mãozinha” para isso.
Logo a seguir, Stela também comentou sobre as luzes da farmácia onde nos reuníamos, contando a todos que, todas as vezes que o grupo iniciava um exercício de comunicação com os guias, as luzes diminuíam de intensidade, voltando ao normal após terminarmos.
Para a incredulidade de todos, nesse exato momento, as luzes do shopping também diminuíram de intensidade, tal como em nossas reuniões. Aquilo pegou a todos de surpresa. Seria possível tamanha coincidência?
Para fechar, com chave de ouro, aquela pequena reunião, no exato momento em que a demos por encerrada, as luzes do shopping voltaram à sua intensidade normal, o que soou, ao menos para mim, como um recado bem claro…
“É isso mesmo. Estamos aqui.”
Charlie pediu a todos para que o seguíssemos com nossos carros. Ainda não sabíamos, mas ele se dirigia à Serra do Japi, um lugar muito belo e especial, ao qual voltaria muitas vezes depois daquele dia.
O Sol já se encontrava baixo. A pressa de Charlie não era infundada. Era mais que recomendável que conseguíssemos encontrar, ainda com a luz do dia, algum ponto estratégico e favorável para a nossa prática, uma vez que não podíamos chamar a atenção, nem preocupar nenhum dos moradores, com aquela quantidade incomum de veículos estacionados em um mesmo local.
Devido ao condomínio que lá existia, o acesso à Serra era controlado por várias guaritas de segurança, as quais se comunicavam por rádio. Ao chegarmos na guarita principal, vimos que Charlie havia conseguido, rapidamente, liberar o acesso de todos.
A fila indiana de automóveis acabaria estacionando ao lado direito de uma estrada de terra muito estreita, tentando não bloquear a passagem de outros veículos. Para isso, os carros teriam que ficar grudados a uma cerca de arame farpado usada para demarcar a propriedade de um dos moradores.
Ao lado esquerdo da estrada não havia cercas. Havia, sim, uma pequena elevação no terreno, com muita vegetação, o que nos separava de um grande abismo, ou seja, de uma das encostas da montanha.
Bem à nossa frente, muito belo e imponente, estava o pico de uma das montanhas da região. A única parte daquele cenário que não era verde era o chão da pequena estrada onde estávamos.
Havíamos sido bem-sucedidos em nossa correria. Nossos relógios marcavam 17h30. Ainda contávamos com um resquício de luz natural. Houve tempo para um lanche rápido, onde, pelo menos por alguns minutos, conseguimos deixar de lado nossa companheira inseparável: a ansiedade.
Já com a energia de todos recarregada, Charlie pediu que nos separássemos, para que cada um buscasse entrar em comunicação com os guias, com o objetivo de conseguirmos mais informações para as atividades daquela noite. Foi a primeira vez que senti o medo da responsabilidade. Mas, estaria longe de ser a última…
Após a orientação de Charlie, decidi subir pela estrada de terra, em direção à montanha, até encontrar um local que achasse adequado para sentar e fechar os olhos, sem correr o risco de ser visto. Cerca de oitenta metros adiante, me deparei com uma curva à esquerda. Resolvi continuar. Logo depois, decidi entrar na mata, ao lado esquerdo da estrada, onde ainda havia sol.
Ao encontrar um local no qual pudesse me sentar sem ser levado pelas formigas do Japi, me posicionei em semi lótus, fechando os olhos e passando a fazer respirações profundas e controladas. Inesperadamente, uma voz grave e masculina surgiu em minha mente, pronunciando, de forma alta e clara, as seguintes palavras…
“Levante. Siga pela estrada, à esquerda. Conte dez passos e entre à direita.”
Eu podia jurar, que era a mesma voz que havia escutado na mesa de jantar, na pousada em Aiuruoca. Porém, desta vez, estaria imaginando coisas? Só havia uma forma de descobrir…
De volta à estrada, continuei subindo na direção indicada. Após haver contado, não dez, mas, dezesseis passos, me deparei com uma entrada à direita. Não pude deixar de concluir, com isso, que minhas pernas seriam bem mais curtas do que as de quem havia me orientado.
O local era uma grande clareira na mata, com uma pequena casa de madeira, pintada de verde escuro, próxima à entrada, ao lado direito. Hesitei. Resolvi tentar me comunicar com quem havia me orientado a chegar ali…
“É aqui mesmo? Devo continuar?”
A resposta viria na forma de um claríssimo e prolongado silêncio. Não escutei, absolutamente, nada. Não podia ficar parado ali. Resolvi seguir adiante, até o ponto central da clareira. Começava a escurecer e a ventar muito. Ficar ali parado também não parecia uma boa ideia. Insisti e voltei a perguntar…
“O que devo fazer? Qual o próximo passo?”
Mais uma vez, apenas, um longo silêncio como resposta. Comecei a cogitar ter sido vítima da minha própria mente, a qual ansiava pelo contato.
Antes de abortar a ideia e voltar para perto do grupo, resolvi dar uma boa olhada, ao meu redor. Mais adiante, à minha esquerda, avistei o topo de uma grande caixa d’água, escondida pelas árvores. Deveria ir para lá? Fiz mais uma tentativa…
“Devo seguir para a caixa d’água? Devo ir até lá?”
A resposta foi a mesma. Não ouvi coisa alguma. Começava a colecionar silêncios. Nem a minha própria mente parecia disposta a me enganar. Ir até lá era por minha conta e risco. Porém, cedendo à intuição, resolvi arriscar.
Chegando ao local, achei melhor examiná-lo, minuciosamente. A qualquer indício de perigo, sem qualquer pudor, sairia correndo dali. A caixa d’água parecia ter em torno de seis metros de altura. Mesmo pintada de branco, o abandono e a sujeira a tornavam invisível. Havia um compartimento aberto, onde parecia haver um registro, uma torneira e alguns encanamentos, tudo coberto pela imundice e em meio a muitos galhos, folhas secas e teias de aranha.
Já havia escurecido bem mais, mas, ainda havia um pequeno resíduo de luz natural, tornando o local, completamente, alaranjado. Era um cenário nada convidativo, o que, aliado às rajadas de vento cada vez mais intensas, lembravam um típico filme de terror. Sem dúvida, o medo batia à minha porta.
Lembrando de um dos primeiros objetivos da prática de autocontrole, a qual visava conhecer, compreender, controlar e superar alguns de nossos medos, entendi que nesse aspecto, me encontrava no cenário ideal. Decidi então não perder a viagem, aproveitando a oportunidade para me lançar nesse inédito desafio. Vontade não faltava.
Porém, o que me faltava era informação. Nós, novatos, ainda sem comunicação comprovada com os guias, não deveríamos jamais tomar essa iniciativa, sem a ajuda e orientação de um instrutor. Menos ainda escolher o local de autocontrole por conta própria. A “sorte” havia sido lançada…
Mais uma vez na posição de semi lótus, me acomodei à direita da caixa d’água, bem de frente para um muro de árvores, no máximo a cinco metros de distância.
Retirei a máquina fotográfica dos ombros, a qual levava a tiracolo, colocando-a no chão, à minha esquerda. Fechei os olhos e procurei iniciar o exercício, buscando me tranquilizar através de uma respiração profunda e controlada. Tolo.
Logo após haver conseguido um leve avanço na tentativa de ficar mais tranquilo, uma enorme pancada no chão à minha frente quase me arrancou do corpo. O coração disparou!
Parei de respirar e fiquei em alerta, esperando que algum animal da região desse um pulo bem na minha frente. Após infinitos segundos de espera, nada aconteceu. O cenário permanecia o mesmo: escuro, alaranjado e com o ruído alto da ventania nas árvores. O som que havia me assustado parecia ter vindo detrás dos troncos à minha frente.
Assumi então a premissa de que aquela pancada intensa na mata teria sido, provavelmente, a queda de um galho, ou então, apenas fruto da minha imaginação, causado pelo meu próprio medo, o que acabou servindo de justificativa para retomar o exercício. Tolo.
Após mais algumas respirações, já mais calmo, uma nova pancada no chão! Desta vez, duas! Aquilo parecia alguém muito pesado, pisando com extrema força nos galhos e folhas secas. Com isso, comecei a me preocupar também com a possibilidade de ser algum morador daquela área, passando a temer que se assustasse ao se deparar comigo. O resultado poderia ser o pior possível.
O medo foi tomando conta e minha imaginação dando forma a ele. Me preparei para o pior. Poderia acabar sendo visto e confundido com um ladrão, podendo levar um tiro de espingarda bem no meio do peito. Era como se já tivesse certeza do desfecho da minha ousadia, ingenuidade e burrice ao ter escolhido permanecer ali.
Após mais alguns intermináveis segundos, novamente, nada ocorreu. Mais uma vez cogitei a possibilidade da minha própria mente ter criado aqueles barulhos e, assim, insisti em recomeçar meu exercício. Haja teimosia e tolice.
Antes de recomeçar as respirações, mais barulhos! Desta vez, não eram apenas dois passos. Eram vários! E vinham na minha direção! As pancadas eram escandalosas, como se houvesse um monstro a poucos metros de mim. Parei de respirar, apenas esperando pelo pior. No entanto, assim que pensei ter chegado ao limite, atingindo o auge do medo, toda a realidade ao meu redor começou a mudar…
De repente, silêncio total. Nenhum ruído sequer. Todos os sons haviam desaparecido. A luminosidade da área aumentou, sensivelmente. A ventania desapareceu por completo. Não havia nem uma brisa sequer. A sensação de frio deu lugar a uma temperatura agradável e acolhedora. Tudo parou, ao mesmo tempo. Todo o cenário passou a ficar, absolutamente, estático. Com isso, sem entender como, o medo que sentia também havia desaparecido. Como era possível?
A sensação era a de ter sido envolvido em uma espécie de bolha. Desta vez, já sem medo, voltei meus olhos, novamente, para as árvores à minha frente. Foi quando tive a impressão de que algo havia se movido. Sem medo, aguardei e vi que uma pequena luminosidade começava a despontar atrás de uma daquelas árvores.
Passei a acompanhar o movimento de uma claridade tênue, a qual se movia, lentamente, para a minha esquerda. Para minha completa surpresa, logo descobri tratar-se de uma pessoa. Um homem. Estranhei, mas continuava sem medo.
De perfil, se movia com muito cuidado. Aos poucos, foi se mostrando. Sua pele era morena. Seus cabelos, escuros, eram lisos e compridos, chegando até os ombros. Parecia ter em torno de 1,80m de altura. A roupa era muito diferente. Vestia uma espécie de macacão vermelho, inteiriço, nada discreto, com detalhes em dourado. Nem de longe, se parecia com um morador da região.
Caminhando de forma lenta e elegante, transmitia algo sublime. No entanto, ao fazê-lo, não produzia som algum, assim como, também, não parecia arrastar qualquer galho ou folha seca. Era como se deslizasse, sem qualquer ruído. Ao redor do corpo, havia um leve contorno, o qual parecia ser feito de uma luz amarela fosca e muito clara, como um fino halo de luz.
Antes que me perguntasse quem poderia ser, aquele homem resolveu fazer uma leve interrupção em seu deslocamento. Nesse instante, o ilustre desconhecido direcionou seu rosto na minha direção. Foi um momento de apreensão.
Contrariando a minha expectativa, o visitante não chegou a completar o movimento. Foi como se, por alguns instantes, tivesse parado para me observar. No entanto, logo em seguida, seu rosto voltou para a direção anterior e o homem retomou seu caminhar. Seu semblante me transmitia seriedade e seus olhos, levemente rasgados, me lembraram as feições de um índio.
Continuei em pleno silêncio, apenas observando aquele homem “deslizar”, elegantemente, pela trilha à minha frente. De repente, sem qualquer aviso, sem nenhum som ou efeito especial, meu visitante desapareceu!
Por um instante, minha mente não entendeu o que houve, buscando, inutilmente, checar onde meu “amigo” poderia ter ido. Mas, o fato era que não havia lugar algum ali onde pudesse ter ido ou se escondido. Havia sumido em pleno ar! Mas, não apenas ele. A bolha que me envolvia também.
Logo após seu desaparecimento, todo o lugar voltou a ser invadido pela mesma ventania anterior. O barulho do vento nas árvores parecia ensurdecedor. A escuridão havia voltado com força total e, para o meu azar, meu medo também, ainda mais intenso. Com muita pressa, peguei minha câmera fotográfica e deixei o local, correndo muito!
Como se ainda faltasse emoção, ao chegar à clareira, vi que os moradores daquela pequena casa de madeira estavam do lado de fora. Com os adultos sentados na varanda e as crianças jogando futebol, não tive escolha, a não ser permanecer escondido. Talvez ali, onde me encontrava, fosse parte da propriedade. Com isso, não me encontrava nem um pouco disposto a testar como seria recebido ao passar por ali naquele exato momento…
Acredito que tenha permanecido escondido por cerca de quinze minutos, quando, por fim, todos resolveram se recolher. Tive “sorte”. Poderia ter sido muito pior. Assim que pude, apertei o passo para estar com meu grupo e com os instrutores. Foi apenas nesse momento que me dei conta do quanto havia me afastado. Porém, havia perdido toda a noção do tempo que havia permanecido na caixa d’água.
Ao retornar ao local dos carros, já de noite, notei as pessoas um pouco dispersas. Christine percebeu minha chegada, me perguntando se havia corrido tudo bem em meu exercício. Sem mencionar meu amigo “índio”, contei apenas sobre os passos pesados e barulhentos na mata. Christine começou a rir, me dizendo que os guias, de fato, tinham essa estranha mania.
Não haveria tempo, na própria prática, para compartilhar minha experiência com o grupo ou com os instrutores assim como, para conhecer também as experiências dos demais. Os acontecimentos se mostrariam um tanto quanto intensos.
Alguns minutos após ter conversado com Christine, quando me encontrava muito próximo à cerca de arame farpado, ao verificar se estava tudo em ordem com a câmera, uma claridade me assustou.
De repente, no terreno à minha direita, uma pequena esfera de luz branca, muito brilhante, havia começado a se deslocar de forma errática, ziguezagueando, muito rapidamente pela mata e dando a impressão de não estar se dirigindo a lugar algum. Só impressão, claro.
Apesar de seus movimentos, aparentemente, sem sentido, aquela pequena luz vinha em nossa direção. Na medida em que se aproximava, se parecia, cada vez mais, com uma esfera branco azulada. Mesmo com a bagunça silenciosa que parecia fazer, nem todos a viram chegar.
A “intrusa” havia chegado muito próxima, apenas a dois metros de distância de mim, ainda do outro lado da cerca. Não houve tempo de avisar a ninguém. Tampouco foi preciso. Logo depois de sua aproximação, ela se apagou. Mas, antes de avisar alguém, a “pequena” voltou a surpreender.
Logo em seguida, três fortíssimos flashes, de uma luz mais do que branca, iluminaram, inteiramente, a montanha à nossa frente. A intensidades dos disparos era inacreditável. Após o primeiro, a maioria das pessoas se virou para a minha direção, permitindo acompanhar os demais.
Jamais esquecerei. O objeto havia se aproximado tanto que cheguei a escutar três leves sons de cliques em cada um dos disparos. Foram como típicos sons de uma máquina fotográfica comum, porém, bem mais sutis.
Logo após os seus três potentes flashes, a “pequena” voltou a se iluminar, passando a emitir a mesma luz branco azulada de antes e reiniciando seu movimento errático, ziguezagueando pelo mesmo caminho por onde havia chegado e desaparecendo, completamente, em questão de segundos.
Tal como em sua chegada, mais uma vez, nem todos conseguiram contemplar sua partida. Me encontrava no lugar certo. Porém, todos, sem exceções, haviam testemunhado aqueles poderosos relâmpagos iluminarem toda a montanha, deixando bem claro que estávamos acompanhados. Já suspeitava disso.
A presença daquela pequena visitante luminosa havia me colocado em alerta. Recentemente, havia sido informado de que seriam, na verdade, controladas por naves, as quais teriam, para isso, que estar bem próximas. Logo viria a oportunidade de tirar essa dúvida.
Os guias haviam feito questão de mostrar a todos que, de fato, estavam presentes. E, para que não restasse qualquer dúvida a esse respeito, ainda haviam escolhido repetir um dos episódios narrados por Charlie em seu livro, onde uma KANEPA, também havia disparado potentes flashes de luz em direção a uma das imponentes montanhas da região de Itatiaia.
Após o que havia vivenciado ao lado da caixa d’água, assim como, depois daquele “boa noite” dos guias para todos, começava a cair a ficha de estar vivenciado um sonho, tido, pela imensa maioria das pessoas, como bobo, fantasioso, infantil e impossível. No entanto, lá estávamos nós, pessoas comuns, comprovando como muitas de nossas certezas não encontram sustentação na realidade.
Será que, ao menos para mim, naquele momento, o objetivo da prática já não estaria atingido? Provavelmente, sim. Mas, antes mesmo de virmos a falar sobre isso, assim como, sobre quais seriam as demais orientações para aquela noite, os guias ainda nos reservavam mais uma surpreendente evidência de sua proximidade…
Após os guias terem “cumprimentado” a todos, nos reunimos próximo ao local de onde os flashes haviam partido, passando a conversar sobre o ocorrido. Percebemos que nem mesmo os instrutores esperavam uma interação tão próxima por parte dos guias. Esta parecia ser atípica. Fiquei confuso e curioso quando vi que até mesmo Charlie parecia estar surpreso. Não esperava por essa. Pelo jeito, os guias não haviam avisado a eles o que pretendiam.
Antes de todos conversarem a respeito das novas instruções para aquela noite, Charlie e os demais foram lembrados pelo grupo, de que Zeca, em nossa última reunião, havia obtido a informação de que o grupo teria um avistamento às 19h30. Estávamos em cima da hora. Não haveria tempo para buscarmos outro local. Fomos orientados a ficar ali mesmo, em silêncio e aguardando, então, alguma manifestação dos guias.
Pontualmente, quando os relógios passaram a marcar o horário obtido por Zeca, algo chamou a atenção de todos, do lado esquerdo da estrada. Um intenso feixe de luz branca havia surgido na encosta da serra, demonstrando estar se deslocando de baixo para cima.
Curiosamente, o feixe de luz havia surgido no mesmo ponto da serra onde estávamos, bem à nossa frente. Seu emissor não produzia qualquer tipo de som. O silêncio era total.
Outro detalhe “absurdo” sobre aquilo era o fato de que a luz parecia parar no ar, como se estivesse cortada em um determinado ponto, ao invés de continuar se propagando como qualquer outra luz que conhecíamos. Em tese, dentro da nossa tecnologia, isso não seria possível.
O silêncio passou a tomar conta de todos. Ninguém respirava, frente à expectativa do que poderia surgir ali. Rose, sem perceber, apertava, cada vez mais, a minha mão. Charlie, bem ao meu lado, observava tudo, boquiaberto.
Não sabia se todos estavam cientes, mas, naquela encosta da montanha, onde aquele feixe de luz parecia estar sendo gerado, não havia nenhuma estrada. Todo o terreno daquela área era composto, apenas, de natureza intocada. Contudo, mesmo se existissem, nenhuma delas seria vertical, ao ponto de promover o que estávamos assistindo.
De repente, a intensidade do feixe de luz aumentou muito, dando a impressão de que, por mais absurda que tal possibilidade pudesse parecer, uma nave surgiria a pouquíssimos metros de todos.
Para a surpresa de todos, quando o emissor daquela luz enigmática parecia prestes a se mostrar, o misterioso objeto fez um giro de quase noventa graus, acelerando de maneira drástica em uma curva lateral pela encosta da serra, levando menos que dois segundos para desaparecer, completamente.
Inacreditável! Havíamos acabado de testemunhar um rasante típico de um filme de ficção científica. Mesmo não fazendo contato visual, diretamente, com o objeto, pudemos acompanhar seu brilho intenso se deslocando e refletindo em toda a beirada da encosta, assim como, sua inacreditável aceleração. Isso tudo, sem qualquer tipo de ruído. Um espetáculo digno de Spielberg!
Tivemos que reconhecer, logo em seguida, que havíamos ficado tão tensos com aquela subida interminável, que, na possibilidade de uma nave, realmente, ter aparecido ali, a apenas seis ou sete metros, muitos teriam infartado.
Foi preciso aguardar até que viéssemos a nos tranquilizar. Pelo visto, aquilo tudo havia sido demais da conta, até mesmo para Charlie. Nem ele, nem os demais instrutores cogitavam manifestações tão próximas e marcantes por parte dos guias.
Já mais calmos, com a ajuda dos instrutores, foi decidido que nossas atividades seguiriam noite adentro, com as práticas individuais de autocontrole. Em se tratando da primeira prática de campo do grupo, foi acordado ser mais sensato e prudente que as pessoas fizessem suas práticas em duplas.
Não houve grandes sustos dali em diante. Os guias mostraram muito cuidado e respeito com todos, tendo em vista que cada um estava se submetendo, pela primeira vez, às práticas de autocontrole. Afinal, os guias já haviam feito questão de deixar bem claro sua presença, proximidade, acompanhamento e apoio.
Não era pouca coisa. Seres extraterrestres milhares de anos à nossa frente, haviam vindo ao nosso encontro, com dia e hora marcada, deixando claro o respeito e o apoio ao compromisso assumido, frente a um trabalho que visava o intercâmbio, o aprendizado mútuo e a nossa melhoria. Já era muito para refletirmos.
No entanto, muitos até hoje não se dão conta da grandeza, da complexidade e de tudo que está por trás de algo dessa magnitude, assim como, da raridade de uma oportunidade como esta.
Tudo transcorreu, tranquilamente, até às 22h15, quando nos reunimos em um grande círculo – com Camila, a linda filha de Rogério e Nilza, bem no centro – para, com a orientação e condução de Charlie, selarmos o encerramento oficial da prática, junto aos guias. Foi, sem dúvida, muito especial, ter tido a oportunidade de conhecer o respeito demonstrado por Charlie por aqueles seres.
Havia sido, sem sombra de dúvidas, uma noite inesquecível, muito acima das nossas expectativas e sobre a qual haveria muito o que pensarmos, tanto nós, quanto todo o grupo de instrutores.
Acabávamos de constatar que o que havíamos lido estava longe de ser apenas fruto da imensa capacidade criativa de alguém, e sim, algo real. O próximo desafio seria conseguir encaixar essa realidade em nossa simples e banal rotina diária, sem, com isso, acabarmos precisando de uma camisa de força…
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Missão RAMA do Brasil
São José do Buriti, MG
A Primeira Prática – Sertão
(Trecho retirado do livro “O Chamado RAMA – 2016, Roni Adame)
Enquanto Garcia, que, assim como Thelma e Luciana, havia aceitado meu convite para conhecer RAMA Brasil, dormia profundamente no assento ao meu lado, no meu caso, o sono parecia ter ficado em São Paulo. Além disso, uma certa dose de ansiedade, aliada à claridade das janelas e aos ruídos das poltronas, faziam minha viagem a Belo Horizonte não ser das mais relaxantes.
Após anos afastado das práticas de campo oficiais, algumas preocupações também mantinham meus olhos abertos. Por quais motivos algumas pessoas, com as quais havia conversado em São Paulo, se referiam à Missão RAMA do Brasil como sendo o “RAMA da Cris”?
Apesar de minhas conversas com Cris Cavalieri – a quem, daqui em diante, passarei a chamar apenas de Cris – terem apontado para um trabalho, totalmente, compatível com a minha forma de entender a essência de RAMA, algumas conversas haviam mencionado o tal “RAMA da Cris” como algo que misturava espiritismo, esoterismo e até xamanismo em seus métodos e práticas.
Não era o caso de ter algo contra as religiões, filosofias ou outros métodos. RAMA nunca havia pedido a alguém que renunciasse a suas crenças. Porém, RAMA tinha sua própria metodologia, que, conforme orientação exaustiva dos próprios guias extraterrestres, não deveria ser misturada com outras.
Estaria ocorrendo uma séria distorção dos objetivos de RAMA? Os participantes estariam atribuindo veracidade a mentalismos individuais? Por que as conversas com Cris apontavam para um caminho adequado, enquanto outras interpretavam seu trabalho como algo que apenas se parecia com RAMA? Algo parecia incompatível.
Ao mesmo tempo, era preciso levar em conta uma curiosa informação passada por Cris. Desde 2012, quando a Missão RAMA do Brasil havia sido formada, ninguém de São Paulo havia entrado em contato para saber como trabalhavam. De onde teria vindo, então, uma possível visão distorcida sobre seu trabalho, uma vez que ninguém havia tentado conhecê-lo?
A ausência do diálogo, de perguntas e da busca pela verdade, para mim, configura qualquer outra coisa, menos RAMA. Não era à toa que “Verdade” era o primeiro conceito que buscávamos compreender. É preciso conhecer, experimentar e questionar antes de opinar.
A oportunidade de fazer isso estava há apenas poucas horas de distância. Por mais estranho que pudesse parecer, minha visita significava o primeiro paulista, ex-participante de RAMA, a conhecer, de perto, a Missão RAMA do Brasil…
Logo pela manhã, bem cedo, chegamos à garagem da viação de ônibus, em Belo Horizonte, onde dois participantes da Missão RAMA nos aguardavam para uma carona até o Sertão.
Emy, tia de Cris, uma distinta, elegante e educada senhora nos aguardava no carro. Jorge, com seus constantes sorrisos e bom humor, nos recebia com um caloroso abraço. Será difícil esquecer o acolhimento e a gentileza de ambos.
Comigo como copiloto e com Garcia fazendo companhia a Emy, partimos rumo a São José do Buriti, onde fica localizado o sítio Hallais, propriedade da família de Cris, local onde aconteciam as práticas de campo da Missão RAMA do Brasil. Seriam cerca de três horas muito agradáveis de viagem pela rodovia BR-040, com direito à parada obrigatória no “Leite ao Pé da Vaca”, um verdadeiro paraíso de doces e salgados, tipicamente, mineiros.
Aproximadamente, uma hora após termos deixado o paraíso, Jorge parou no acostamento. Do outro lado da pista estava o acesso à estrada de terra que representava a última parte da nossa viagem. Estávamos muito próximos do sítio.
Tanto nosso condutor, quanto Emy, conheciam de olhos fechados aquele labirinto de terra vermelha. Para nós, estreantes e desajeitados visitantes paulistas, a orientação era para que seguíssemos as placas para a ASDNER, uma pousada ao lado do sítio. Mesmo assim, se dependesse de nós, seria muito fácil nos perdermos por ali, onde, em muitos trechos, não havia nem mesmo sinal de celular.
Acredito que levado cerca de trinta minutos levantando poeira até chegarmos ao “mata-burro” que sinalizava a entrada do sítio. Bem lentamente, passamos a percorrer uma descida muito suave, também uma estreita estrada de terra vermelha, cercada, em ambos os lados, por uma típica vegetação de cerrado. Chegávamos em um momento em que a seca castigava a região.
Mais cinco minutos de percurso e, finalmente, chegamos ao “barulhento” portão de ferro verde, a entrada principal do nosso destino, um lugar que descobriria ser mais que especial.
Ao desembarcarmos, Jacques França, marido de Cris e, também, coordenador da Missão RAMA, nos recebeu com muita alegria. Em seguida, fomos abraçados por Clara, filha única de Jacques e Cris, conhecida por todos como Clarinha, uma menina que, com apenas quinze anos, encantava naturalmente quem estivesse ao seu lado.
Já próximo ao horário do almoço, Cris, nossa principal anfitriã, após sua calorosa acolhida, nos recebeu com um raro e delicioso cardápio de entrada: os famosos pastéis de angu de Itabirito, considerados patrimônio cultural desse município mineiro, o local onde Cris havia nascido.
O Sertão, como o lugar era chamado, contava com um enorme casarão de cor branca e janelas verdes, com quartos e espaço suficiente para abrigar a maioria das pessoas que vinham de diferentes cidades mineiras, assim como, também dos estados do Rio de Janeiro, Paraná e, com a nossa visita, São Paulo. Alguns participantes, moradores de Belo Horizonte ou de municípios próximos, acabavam optando pelas barracas, cedendo lugar na casa aos que vinham de longe.
Toda a infraestrutura, com os bônus da piscina e da quadra poliesportiva, se comparada aos nossos antigos acampamentos em Itatiaia, era compatível com um verdadeiro hotel de dez estrelas, à prova de reclamações.
O café da manhã, almoço, café da tarde e jantar eram servidos na deliciosa varanda coberta, situada na frente da casa. O cardápio, ovolactovegetariano, era definido pela equipe de alimentação, semanas antes da prática de campo, sempre de acordo com o número de pessoas inscritas e com a programação das atividades.
O nível de planejamento e organização era incrível. Existiam diferentes equipes para cuidar de cada detalhe necessário para que tudo funcionasse como previsto e programado pela coordenação, sempre com a ajuda do grupo de facilitadores.
Estavam em operação, desde bem antes da prática, as equipes de limpeza, água, alimentação, lixo, tecnologia, registro, mídia, astronomia e medicina. Qualquer pessoa, de qualquer um dos grupos em andamento, de qualquer estado, podia se voluntariar para participar de qualquer uma dessas atividades.
A equipe de médicos, em particular, era composta por diferentes tipos de especialistas. Além disso, semanas antes da prática, todos os participantes e visitantes recebiam das equipes um amplo material, com todas as orientações necessárias para que todos conseguissem se organizar da melhor forma possível. Apesar de, nos anos noventa, RAMA também ter contado os chamados “grupos de apoio”, confesso que jamais havia visto tamanha organização.
Ainda, levemente, deslocado, logo após o almoço, eu e Garcia tivemos a oportunidade de conhecer os facilitadores Ricco e Luiz, sendo, este último, casado com Lurdinha, também facilitadora, todos há muitos anos partícipes do processo.
Os facilitadores se mostraram extremamente receptivos, acolhedores, simpáticos e bem-humorados. Nos faziam muitas perguntas, demonstrando “interesse”, algo cada vez mais raro. Pude notar também que sua curiosidade revelava um certo cuidado com a Missão RAMA, afinal, não nos conheciam, menos ainda nossos objetivos.
Algumas experiências anteriores com visitantes haviam se mostrado desagradáveis e problemáticas. Motivos não lhes faltavam para uma certa precaução. Mas, haveria o momento certo para falarmos dos nossos objetivos e este não estava longe de acontecer. Nossas conversas só seriam interrompidas pelo aviso de que o café da tarde já estava na mesa.
Uma mesa enorme havia sido colocada na varanda. Por motivos óbvios, o pão de queijo e o café tinham seus lugares de honra garantidos. Leite, queijo, geleia, manteiga, bolo, pão, sucos e lanches não deixavam sobrar espaço.
Logo entendi que todas as refeições tinham uma conotação religiosa para eles. Após experimentar o almoço e o café da tarde, rapidamente, me tornei mais um religioso, principalmente, após ter cometido o pecado de comer aquele bolo.
Fui obrigado a cumprimentar a autora da façanha: Sônia, moradora da região e funcionária principal da cozinha. Porém, por trás da inteligência gastronômica das práticas de campo havia alguém que, com o tempo, eu também descobriria ser mais que especial: Sandra Bittencourt, alguém muito querida por todos e chamada, carinhosamente, de Sandróca. Junto com Dalva, Maria José, Cida, Cléria, Antônio e Léo, formavam o grupo BH6, verdadeiros guerreiros.
O bolo também seria interrompido por outra prioridade. Finalmente, eu teria a oportunidade de conhecer o famoso pôr-do-sol do Sertão, tão elogiado por Cris em nossos três meses de conversas pelo celular. Era o momento de levar a máquina fotográfica para um passeio. Tivemos que sair às pressas. Pelos comentários, seria uma longa caminhada até encontrarmos com a água da represa.
Ao sairmos, Cris me informou que antes, bem na frente da casa principal, onde, naquele momento, havia uma enorme vão seco e com pouquíssima vegetação, tudo era tomado pela água da represa de Três Marias. Fiquei muito surpreso ao constatar até onde o nível da água chegava no passado.
Seria preciso muita água para cobrir toda aquela imensidão. Ali mesmo, na rampa, há apenas cinco metros do portão pelo qual havíamos acabado de passar, Cris pescava com seu pai quando Clarinha era um toco de gente. Incrível. A secura daquele lugar, naquele momento, era abrasadora.
Segundo Cris, seus irmãos e irmãs também frequentavam muito aquele pequeno paraíso, quando seus pais, donos de tudo aquilo, ainda não haviam adoecido. Pelo pouco que ouvi, assim como pela emoção que expressava ao falar daquilo tudo, não demorou muito para perceber o quanto os pais de Cris, Nestor Hallais França e Ondina Cavalieri França, eram pessoas especiais.
Além de tudo, eles também haviam semeado o terreno que um dia seria, justamente, o local onde almas mais que especiais viriam do espaço para conduzir, de volta para casa, outras almas que hoje aqui se encontram. Que belíssima missão. Aquele lugar, aos poucos, revelava a sua imensa preciosidade.
A caminhada continuava, mas, as conversas, ao longo do caminho, ajudavam a reduzir o percurso. Logo me deparei, ainda ao longe, com a primeira imagem do espelho d’água. A amplitude da vista era inacreditável. A máquina fotográfica começava a se coçar dentro da mochila.
Caminhávamos margeando o “rio” seco à nossa esquerda e “violando” algumas cercas de arame farpado pelo caminho. Alguns moradores não simpatizavam com os turistas da represa. Porém, o que insistiam em ignorar era que aquelas margens não pertenciam a ninguém. A lei garante acesso total a elas.
Chegamos ao espelho d’água no exato momento em que a luz abandonava seu espectro dourado, cedendo lugar à cor laranja, que, combinada com o intenso azul celeste, assim como, com o profundo silêncio intrínseco à paisagem, compunham uma pintura viva que nos convidava a um profundo mergulho em nosso interior.
O baixo nível da água desenhava relevos incríveis, tal como a “árvore do retrato”. Dentre algumas fotos antigas, espalhadas pela sala da casa principal, uma, em especial, retratava um chamativo tronco seco em seu leito. Naquele momento, ela havia “pulado” da fotografia para a realidade. Com o formato de um grande estilingue, com o tempo, ela me faria vê-la como um dos principais símbolos daquele impactante cenário.
Assim que nossa estrela se escondeu, o céu se transformou em um arco-íris, colorido por uma camada de vermelho sangue, seguido pelos tons de laranja, amarelo, verde, azul claro, violeta e azul escuro. Jamais havia testemunhado tamanha intensidade de cores.
Mesmo com todo aquele espetáculo, precisávamos retornar. Estávamos a pé e não podíamos perder a noção do tempo. Nos despedimos daquele presente da natureza enquanto as demais cores desapareciam, permitindo que o vermelho reinasse absoluto. Tudo havia sido tingido de sangue. Como colocar tanta poesia em simples fotografias?
Já de volta, ainda com a mesa colocada, não resisti e triturei mais alguns pedaços de bolo. A orientação era para que tomássemos um banho rápido, pois as atividades noturnas nos aguardavam. Porém, não obedeci.
Preciso confessar que minhas expectativas quanto às práticas noturnas eram, praticamente, nulas. Apesar de ter conversado bastante com Cris sobre a presença e o apoio dos guias no trabalho que faziam, era como se não quisesse me apegar muito a isso. Outra coisa havia chamado a minha atenção. Ao mesmo tempo em que destruía o bolo, aproveitei a oportunidade para conversar um pouco mais com as pessoas. Ali havia “algo mais”.
Fui tomado por uma percepção diferente. Algo novo estava acontecendo. Novo, ao menos, para mim. Uma egrégora! Era como se estivesse “dentro” de alguma coisa, uma energia que permeava tudo. Nunca havia sentido algo parecido. Sem dúvida, RAMA estava diferente.
O que estava assistindo, na prática, e não apenas no discurso, era um nível de zelo, de consideração, para com todos. Porém, o mais especial era a naturalidade das palavras, gestos e atitudes que presenciava em todos. Não era o que havia vivido nos anos noventa. Tratava-se, sem a menor sombra de dúvida, do resultado prático de um trabalho construído por Cris, Jacques e pessoas de seu antigo grupo, ao longo de muitos anos de trabalho, dedicação, persistência, confiança e entrega.
Tudo parecia ter evoluído, positivamente. Ainda assim, existia um diferencial. Na verdade, não “um”, mas, “o” diferencial: a forma de se relacionarem uns com os outros. Havia surgido uma nova linguagem.
Na prática, existia acolhimento, generosidade, bom humor, leveza, integração, união e preocupação com o outro, como se todos pertencessem a um único grupo. Em diferentes proporções, essas qualidades estavam presentes nas pessoas. Havia sido construído um novo modelo de relacionamento. Uma cultura RAMA.
Apesar de estar ali há pouquíssimo tempo, algo muito importante estava claro. Entendi que o que presenciava, principalmente, a forma com que as pessoas se relacionavam, era o resultado que gostaria de ter visto RAMA atingir no passado. Porém, não existia clareza sobre isso até presenciar aquilo tudo na prática.
Era como se RAMA houvesse atingido um novo estágio, um novo patamar, como se estivesse, exatamente, onde seria preciso estar. Tal constatação me deixou bastante surpreso. Ao mesmo tempo, muito animado.
Apesar de estar ali apenas como um visitante, em poucas horas de convívio, antes de qualquer manifestação dos guias, algo muito sério já havia ficado, totalmente, claro para mim: eu gostaria muito de fazer parte daquele cultura…
Ainda com uma pequena lâmina de luz no horizonte, notei que as pessoas, com suas cadeiras de praia e banquinhos, começaram a se dirigir para a quadra. Procurei Garcia e o convidei para fazermos o mesmo.
As estrelas, já em grande número, iniciavam seu espetáculo. Assim como alguns haviam feito, me deitei de costas na quadra, sendo deliciosamente acolhido pelo calor que ela havia retido durante todo o dia.
Procurei Garcia e o localizei em pé, um pouco afastado e próximo ao pequeno muro esquerdo da quadra. Com seus binóculos em mãos, ainda parecia um pouco arredio e, definitivamente, não estava nem perto de estar tão à vontade quanto eu. Fazia todo sentido. Diferente de mim, para ele tudo ali era novidade.
Ainda distraído e pensando em meu amigo, meus devaneios seriam interrompidos por alguns gritos. Porém, eles pareciam ser de alegria, como se estivessem comemorando algo. Mas, o quê?
Alguns estavam, incrivelmente, entusiasmados. Olhando para eles, vi que apontavam para o céu. Havia muitas e muitas estrelas. Um espetáculo. Mas, por que estavam gritando? Foi então que consegui testemunhar a passagem de uma pequena e tímida estrela cadente. Com ela, vieram novas comemorações. Minha curiosidade foi aguçada. Estariam animados devido às estrelas cadentes?
Novos meteoros rasgaram o céu, alguns mais intensos que outros, porém, a cada nova fagulha, as pessoas vibravam mais. Senti vontade de perguntar o que estava acontecendo. No entanto, a alegria era tamanha que acabei me sentindo um peixe fora d’água. Com certeza, não estava sabendo de alguma coisa. Decidi continuar observando.
Após mais alguns minutos de observação, passei a estranhar um “detalhe”: o número de estrelas cadentes aparecendo em uma determinada porção do céu não parecia normal. Ou estávamos com muita sorte naquele dia ou então a Terra estava passando por uma das mais intensas chuvas de meteoros do ano. No entanto, nesse tipo de fenômeno, o radiante faria toda a diferença, ou seja, todos os meteoros deveriam surgir de um mesmo ponto no céu. Não era o que estava acontecendo.
Não demorou muito para que alguém comentasse que poucas vezes havia visto os guias sinalizando tantas vezes seguidas, logo no início de uma prática. Aquele comentário prendeu minha respiração. Travei! Estaria rodeado por malucos?
Imediatamente, me lembrei da prática de campo com Márcio, onde, em 2002, com um fenômeno semelhante a uma “estrela cadente”, os guias haviam confirmado o que eu precisava. Seria o mesmo tipo de fenômeno?
Meu ceticismo havia me possuído. Não. Não poderiam ser os guias. Porém, nesse exato momento, como se alguém “lá em cima” estivesse se divertindo às minhas custas, bem acima de mim, “explodiu” um intenso flash de luz. Aquilo sim havia sido muito estranho. Teria sido um Iridium Flare?
A partir desse momento, vários flashes começaram a surgir no mesmo pedaço de céu das pequenas “estrelas cadentes”. Para complicar ainda mais, além destes, algumas luzes passaram a aumentar e diminuir as suas intensidades, de forma rápida, mas, gradativa, como se pulsassem. Tive que dar o braço a torcer. Aquilo tudo havia, verdadeiramente, deixado de ser normal. O céu parecia vivo!
Percebendo o altíssimo nível de entusiasmo das pessoas, o facilitador Ricco chegou na quadra, pedindo a todos que mantivessem a calma. Para minha surpresa, pediu também que todos se mantivessem atentos, pois os facilitadores haviam recebido uma comunicação dos guias dizendo que naquela noite haveria um avistamento coletivo.
Mais uma vez, meu ceticismo reagiu com força. Aquilo era um pouco demais. Nunca havia visto alguém, ainda mais um instrutor ou facilitador, informar a todos, de forma tão confiante, sobre uma comunicação que falava de um iminente avistamento coletivo. Era confiança demais. Resumindo, o “cara” tinha que ser muito macho para dizer aquilo.
Logo em seguida, foi a vez de Cris chegar na quadra. Ela não se referiu ao avistamento coletivo, mas, com um tom de voz tranquilo, pediu a todos que buscassem silenciar suas mentes e os corações, passando a focar na prática, em seus objetivos, nos guias e no que havia levado todos a estarem ali.
A coordenadora da Missão RAMA reforçou também a importância de se conectarem com a essência do trabalho, pois as práticas noturnas já iriam começar e os guias já haviam deixado bem claro que estavam presentes. O que veio a seguir foi inacreditável. Foi como se os guias estivessem esperando Cris terminar sua orientação…
Cris encontrava-se em pé, bem à minha frente. Todos haviam buscado o silêncio, seguindo sua orientação. Atrás dela, partindo da linha do horizonte, surgiu uma luz muito intensa, semelhante ao farol dianteiro de um avião comercial. Ao mesmo tempo em que subia, fazia uma leve curva para a esquerda, em direção à casa.
Nesse momento, emburreci completamente, pois tive absoluta certeza de se tratar de um avião, ignorando dados básicos sobre o assunto. Aquela luz enorme havia vindo do chão. Por seu tamanho e intensidade, tinha que estar próxima. No entanto, não havia aeroportos por perto, nem mesmo nas cidades vizinhas. Estávamos, no mínimo, a três horas da pista de aviões mais próxima.
Aguardei um algum barulho, mas ele não veio. Em pleno silêncio, aquela luz enorme, com a magnitude de três planetas Vênus, começou a diminuir sua velocidade. Nesse momento, me levantei, afinal, um avião não faria isso.
Ao mesmo tempo em que desacelerava, seu brilho também passou a diminuir. O objeto dava a impressão de ter “desligado” seus motores, adotando um suave movimento de descida, como a pétala de uma flor carregada pelo vento. Aquilo fazia cada vez menos sentido.
Em seguida, sua luz branca-prateada desapareceu por completo, dando lugar à silhueta de um objeto extremamente incomum. Aquela “coisa” girou em torno do seu próprio eixo e, praticamente parado no ar, se posicionou de forma a enxergarmos, perfeitamente, um de seus lados.
Definitivamente, aquele objeto não era um disco. Longe disso, era totalmente disforme, como se fosse composto por retângulos de diferentes tamanhos, encaixados de forma assimétrica.
O design não fazia nenhum sentido para mim. Não se parecia com nada que já havia visto, nem na imaginação, nem nos filmes hollywoodianos. O que facilitou a visualização de seu formato foram suas próprias luzes, que, coloridas e espalhadas de maneira irregular pela sua superfície, refletiam em sua “fuselagem”.
Como se não bastasse, pouco depois de observarmos seus detalhes, o objeto, simplesmente, desapareceu no ar. Ao menos, era o que parecia. No entanto, em seu lugar, uma luz passou a pulsar regularmente.
Logo após o espetáculo, vi Cris olhar para mim, porém, sem dizer nada, talvez aguardando que me pronunciasse. E o fiz. Minhas palavras escaparam do âmago do meu ser, como uma reação natural ao que aquilo havia significado para mim. Porém, tenho certeza de que não foram, exatamente, as que esperava ouvir…
“Agora f….!”
O fato era que, logo após um facilitador, com uma confiança inacreditável, mencionar a existência de uma comunicação, a qual anunciava um avistamento coletivo naquela noite, os guias vieram e a confirmaram de forma escandalosa. Mais uma vez, se tratava de algo nunca visto por mim. A atitude dos guias, porém, parecia ir além de uma “simples” confirmação, como pudesse existir simplicidade em algo dessa natureza.
Os guias haviam, realmente, se empenhado em demonstrar um tipo de interação que representava um apoio enorme aos Guias-Terra, à comunidade como um todo e ao trabalho em andamento, resultado de tudo que havia sido feito nos últimos anos.
A mensagem impregnada em meu coração após aquela primeira experiência com os guias no Sertão era, sem sombra de dúvida, um sentimento de “parceria”, outro conceito novo para mim no que se referia à relação com os guias.
Mesmo antes de se apresentarem daquela forma magistral, eu já havia decidido que gostaria de fazer parte daquela nova cultura. Contudo, após a presença clara, objetiva e, principalmente, próxima dos guias, minha intenção acabou triplicada. Seria impossível descrever o que passei a sentir a partir daquele momento.
De repente, estava mais do que pronto para as práticas noturnas. Meus níveis de energia e disposição haviam dado um salto. O medo da frustração com a possível ausência dos guias havia, simplesmente, evaporado, cedendo lugar à certeza de sua proximidade e parceria.
Nem todos iriam para as práticas naquela noite. Alguns preferiram permanecer na quadra e na varanda da casa, aguardando a chegada de seus companheiros de grupo. Quanto a nós, visitantes, mais uma vez seríamos surpreendidos por uma postura diferenciada por parte dos facilitadores.
Antes de sermos conduzidos para os locais de autocontrole, fomos convidados para uma conversa. Sem sabermos do que se tratava, seguimos com Cris para uma pequena praça, situada em frente à casa. Estavam presentes todos os facilitadores presentes no Sertão naquele momento: Cris, Jacques, Luiz, Lurdinha e Emy.
Em um gesto surpreendente de interesse, valorização, cuidado e ajuda, nos informaram que o motivo do bate-papo era o de conhecer nossos objetivos. Pela enésima vez, fui pego de surpresa, positivamente.
Devido à minha experiência anterior em RAMA, era impossível evitar as comparações. A todo momento, a Missão RAMA demonstrava, não apenas com palavras, mas com atitudes, que o processo havia amadurecido e melhorado muito. Porém, as demonstrações a esse respeito estavam apenas começando.
Após a exposição de nossos objetivos, Cris e Jacques passaram a nos conduzir ao autocontrole número quatro, localizado, praticamente, no meio da subida. Conosco também estavam Garcia e Jonathan, este último, um jovem muito agradável e educado, pertencente a um dos grupos de Curitiba.
Já na sala de espera, nos sentamos por alguns instantes. Cris pediu para nos acalmarmos e me perguntou como me sentia. Começando a seguir a premissa da transparência, postura fundamental naquela nova cultura, contei a ela que, desde aquele avistamento coletivo, ocorrido minutos antes, me com muita energia e totalmente tranquilo, como se estivesse em casa.
Seria meu primeiro exercício de autocontrole, depois de muitos anos. Dias antes, ainda em São Paulo, havia tido uma sensação de que minha primeira prática no Sertão deveria ser feita junto com a Cris. Ela já estava ciente. No entanto, durante o exercício de comunicação feito pelo grupo de facilitação naquela quinta-feira, ela havia recebido a mesma instrução dos guias. Assim, após as práticas de Jonathan e Garcia, seguimos para a nossa.
Cris seguiu na minha frente pela trilha. As lanternas apontavam para o chão. O estreito caminho de terra estava extremamente limpo, sem folhas secas ou galhos, tornando a caminhada segura. As fitas de papel higiênico branco sinalizavam as curvas, assim como, os galhos ou troncos que demandavam atenção e cuidado. A temperatura, em torno dos dezoito graus, era muito agradável. A impressão que tive foi a de termos chegado muito rapidamente na área demarcada.
Segui as orientações da minha facilitadora, as quais nos colocavam em contato com nossa própria essência e objetivos, assim como, com os guias e com a Confederação de Mundos da Galáxia. Visualizamos e reforçamos a imagem de uma esfera de luz dourada, a qual também nos conectava aos guias, expandindo-a, mentalmente, por toda a trilha, até a área de espera.
Logo após a abertura do autocontrole, Cris, à minha esquerda, me surpreendeu com a informação de que o guia GEXO havia se aproximado pela sua esquerda, me perguntando se eu estava ciente de sua presença. Olhei, discretamente, na direção indicada, mas, consegui visualizar apenas uma espécie de névoa esbranquiçada e rarefeita.
Em seguida, antes de nos sentarmos, a meu pedido, colocamos nossas cadeiras de frente para a lateral esquerda do local. Antes que começássemos a conversar, uma pequena luz prateada surgiu nas árvores à nossa frente, fora da área delimitada para o autocontrole.
Apontando para a luz, Cris me avisou que, caso quisesse explorar o que estava acontecendo, eu poderia ir até lá. Antes mesmo de terminar sua orientação, já me encontrava fora da área delimitada, a cerca de quatro metros das nossas cadeiras. Porém, assim que fui até ela, a pequena luz prateada desapareceu.
Decidi aguardar. Foi quando reparei que naquele local a escuridão parecia bem mais intensa. Busquei minha lanterna, mas não estava com ela. Uma forte névoa, circular e esbranquiçada, se formou ao meu redor, demarcando um círculo com, aproximadamente, dois metros de diâmetro e um metro de altura.
Com a formação daquele “anel de fumaça”, a claridade aumentou, consideravelmente. Era possível ver, perfeitamente, as folhas secas e marrons nas quais pisava e fazia um barulho enorme, assim como as árvores por trás da “fumaça” compactada.
Olhei na direção onde estava Cris, mas não a vi. Estranhei, mas deduzi que estivesse por perto, talvez também explorando algo. Porém, um barulho muito forte interrompeu meus pensamentos. Eram passos, extremamente pesados, esmagando aquelas mesmas folhas secas sobre as quais me encontrava. Mas, passos de quem? Logo percebi que o autor da façanha permanecia “invisível”, como se caminhasse ao meu redor. Já havia passado por isso, porém, essa era uma chance de reagir de forma diferente à mesma situação.
Seguindo o barulho dos passos, me virava na direção dos mesmos, pedindo ao guia, em voz alta, que se mostrasse. Cris deveria estar me ouvindo. Ignorando a vergonha, continuei. Os passos continuavam ao meu redor, muito próximos, mas sem ver ninguém. Teimoso e sem medo algum, insistia, sem parar, com meus pedidos ao guia.
Ignorando completamente meus pedidos, os passos cessaram totalmente, mas o “muro de fumaça” permanecia ali. Busquei, novamente, contato visual com Cris, mas, novamente, não a vi. Aquilo me preocupou. Teria ido embora? Não. Ela não faria isso.
Voltei a me concentrar na área onde estava e notei um detalhe diferente. Quando estava de costas para a área do autocontrole, à minha esquerda, havia uma pequena entrada para um terreno descampado. Aquilo me deixou, levemente, desorientado. Mas, não me preocupei com isso. Em seguida, percebi a escuridão retornando. O “anel de fumaça” havia desaparecido, totalmente. Aquela era uma boa hora para voltar.
Assim que me virei, me deparei com Cris, em pé, de frente para mim, me observando a cerca de quatro metros de distância. Perguntei onde havia estado. Porém, ela me devolveu, exatamente, a mesma pergunta. Sem entender o motivo de sua pergunta, respondi que havia estado bem ali, bem no local em que estava me vendo.
Também sem compreender coisa alguma, Cris me informou que também não havia saído dali, em momento algum. Voltei para perto dela e constatei que havia estado a apenas três ou quatro metros de distância. Se ela havia permanecido ali, seria impossível não me ver. A seu pedido, voltei para a área das folhas secas, onde havia estado. Olhei para trás e lá estava ela, bem próxima e, totalmente, visível. Aquilo não fazia sentido.
Perguntei à Cris se havia me escutado. Segundo ela, não só não me viu, como também não ouviu um ruído sequer. Mas, como? Os passos do guia nas folhas secas eram, extremamente, altos. Quanto aos meus pedidos para que ele se mostrasse, haviam sido feitos em voz alta. Uma pessoa que estivesse a apenas quatro metros de distância teria escutado tudo perfeitamente.
Não havia mata ou árvores entre nós, nada que pudesse ocultar a visão um do outro. Fizemos todos os testes possíveis. Nos certificamos de que, em condições normais, não haveria como não nos vermos ou ouvirmos. Algo mais parecia ter acontecido.
Para complicar um pouco as coisas, perguntei a ela sobre o terreno descampado à minha esquerda. Aquilo também não fez o menor sentido para ela. Estávamos no fundo de uma área de autocontrole. Acima de nós, só havia mata, árvores, as áreas de espera, as cercas e a estrada. Não existia nenhum descampado.
Mesmo com nada se encaixando em nossa lógica, resolvi adotar a premissa da Navalha de Ockham. Se eu havia visto um descampado que não existia, se havia perdido Cris de vista e se ela era incapaz de me ouvir, tudo apontava para a possibilidade de termos estado em lugares diferentes. Já havia visto isso.
A experiência possuía uma natureza semelhante à ocorrida nos anos noventa em Itatiaia, onde vinte e sete pessoas haviam desaparecido, deixando de ser vistas por seus instrutores e vice-versa. Teriam os guias, por motivos ainda desconhecidos, nos inserido em uma experiência de manipulação de tempo e espaço? Aparentemente, sim. Mas, por quê? Era cedo demais para respostas. Sem saber, estávamos assistindo apenas a primeira parte da ponta do iceberg.
Já retornando para a casa, na estrada de terra, Cris me deixou a par da presença de OXALC no autocontrole. Segundo ela, sua interação com ela também era uma novidade, além, é claro, de uma grande honra. Uma vez que não me via, Cris teria aproveitado para perguntar ao guia se devia me procurar. A resposta do guia para que não interferisse foi taxativa.
A presença de OXALC ali, completamente inesperada para mim, também era uma honra. Eles, os guias, não fazem absolutamente nada sem motivos. Logo descobriríamos que não seria uma aparição fortuita. Pelo contrário, em breve, ele voltaria. Sua presença estava relacionada a objetivos bem maiores do que imaginávamos…